sexta-feira, 20 de abril de 2007

Agora e oficial!

Parabens, meu amor.

Voce conseguiu o que para muitos era mais um capricho e um objetivo impossivel de ser alcancado.

Mas voce conseguiu em menos de um mes se preparar e preparar toda a documentacao necessaria para participar de um processo seletivo de uma MBA no Japao. E nao em qualquer lugar, no melhor deles. E nao so participar, mas ser aprovada tambem.

Voce realmente e foda, nao me canso de dizer isso. Ainda nao sei como voce consegue esses feitos. Quando voce bota alguma coisa na cabeca, so da para esperar que voce vai conseguir atingir o objetivo.

E obrigado; tambem nao canso de te agradecer. Obrigado por me inspirar todos os dias, fazer com que eu me esforce mais para poder sempre fazer o melhor. Obrigado por ter entrado na minha vida e ter me colocado nos eixos. Obrigado por ser a minha alma gemea.

Eu te amo, Sue. Falta uma semana para nos encontrarmos.

Povo esquisito mas de bom coracao

As empresas japonesas sao muitas vezes criticadas por conta da falta de especializacao de seus funcionarios. Eles dao preferencia para a formacao generalista e fazem com que os seus colaboradores rodem por diversas areas, resultando em pessoas que sabem de tudo um pouco.

E dai a casa cai quando vem um estrangeiro especialista em determinado assunto. Por mais novo que ele seja, a especializacao e uma arma que favorece, e muito, o forasteiro. Por isso que no mercado de trabalho japones, o estrangeiro sempre se da melhor. Desde que ele ja faca parte da populacao economicamente ativa no seu pais de origem.

Pois nestas duas ultimas semanas, alguns integrantes do juridico foram transferidos para a area de negocios.

Mas o que e mais interessante e a cerimonia de desligamento que ocorre. A bola da vez sempre passa de mesa em mesa, cumprimento cada um dos colegas, agradecendo por tudo. No Brasil, passa-se um e-mail geral pra galera e ponto. Eventualmente voce passa na mesa das pessoas mais chegadas para dar um ate logo, nada alem disso.

Mas aqui no Japao, nao importa, e importante fazer pessoalmente o que se faz virtualmente no Brasil. E dependendo do tamanho da area em que ele esta, ele fica o dia inteiro fazendo esse processo. E, ao final, ainda faz um discurso de agradecimento a todos. E neste momento, nao importa o que voce esteja fazendo, para-se tudo e fica-se de pe para prestigiar a pessoa. Nao importa mesmo o que voce esteja fazendo, se tiver que interromper uma reuniao cujo tema e um negocio de algumas dezenas de milhoes de dolares, faca, como eu fiz outro dia.

Isso e uma demostracao de valorizacao do ser humano. Gostei. Apesar de durante o dia todos trabalharem como uma maquina, nessas horas eles mostram o lado carinhoso e de cuidado com o proximo. E uma profunda demonstracao de agradecimento pelos servicos prestados. E tambem uma demonstracao de quanto o trabalhador e valorizado pela sociedade japonesa.

Mas a cerimonia de hoje teve algo de inedito, pelo menos pra mim. O cara que estava se desligando chorou na frente de todo mundo, nao conseguiu terminar o discurso mas agradeceu, do fundo do coracao dele, a forma como ele foi bem tratado nos ultimos anos. A experiencia me marcou porque foi a primeira demonstracao de afeto em publico que eu presenciei em 2 meses.

Temo muito tudo isso


O Ronald japones. Esses olhos rasgados dao medo, muito medo.

terça-feira, 17 de abril de 2007

domingo, 15 de abril de 2007

Passatempo

Escrever esse blog tem se mostrado um bom divertimento. Vou escrevendo (coisas ja sabidas e muitas outras que eram desconhecidas) para que as pessoas saibam como e o verdadeiro Japao e o japones e tambem para quebrar um pouco do misticismo que existe em torno desse pais tao distante do Brasil. Alem disso, acho que e uma forma eficiente dos amigos se sentirem proximos do meu dia-a-dia.

Mas eu tambem gostaria de saber do dia-a-dia de quem le...escrevam, comentem, deixem eu saber como andam as coisas no Brasil.

Abre-te Sesamo

O estrangeiro so precisa aprender uma palavra pra se virar bem aqui: sumimasen.

E uma palavra magica. Ele te da imunidade contra olhares feios naqueles momentos (muito comuns aqui) de abrir caminhao entre a multidao. E so sair falando "sumimasen, sumimasen", que como se voce fosse Moises, o mar de gente se abre na sua frente (na verdade nao se abre, mas incrivelmente voce consegue atravessar a parede de gente).

Ele tambem permite que ao dar um pisao em alguem, essa pessoa nao reclame. Doeu, ok, mas falei "sumimasen", entao nao tenho culpa e fale com a minha mao.

Fez alguma cagada? Logico, manda um "sumimasen!" que esta tudo bem, voce e o ser mais imaculado do mundo.

Simplesmente inacreditavel. So munido dessa palavra e mais nada, voce consegue superar os momentos mais adversos da vida moderna com a classe de um lorde.

Em terra de cego quem tem um olho e rei


Sou um gigante.

Descobri isso ao comprar terno.

Dificil achar terno do meu tamanho. Para mim, do alto de meus 1,80, sobra so um canto da arara com poucas opcoes. Europeu definitivamente nao deve comprar terno aqui.

Como pode o padrao metrico japones ser diferente? Primeiro experimentei ternos para pessoas supostamente com 1,80 e o modelo claramente nao servia pra mim: ficou apertado e curto nos bracos. Tive que escolher um dentre os cinco modelos disponiveis para homens com 1,85.

Mas como o padrao metrico nao e diferente, das duas, uma: ou o homem japones e mentiroso e, vexaminado por conta de sua baixa estatura, aumenta em cinco centimetros a sua altura, ou os fabricantes sao mentirosos, pois sabendo do trauma de seus clientes, usam um padrao um pouco diferente para darem uma massageada no ego do cidadao. De qualquer forma, estou cercado de mentirosos!

Para voce, de mais de 1,80m, um Gulliver, a vida e dificil no Japao. Entra no trem e mete a testa nos puta-que-o-parius, estrategicamente posicionados para o japones medio e seus 1,65 de altura. Entra na casa e mete o corno no batente, construido tendo como base o japones medio. Na cama, idem, fica os pezao pra fora do colchao.

Entao fica combinado assim: ao chegar ao Japao, lembre-se sempre de abaixar a cabeca; seja para cumprimentar outras pessoas, seja para entrar em trens e casas.