sexta-feira, 27 de abril de 2007

Ultima noite

Ultima noite que durmo sozinho no Japao!

Amanha de manha a minha amada chega.

Nao vejo a hora de encontra-la!!!!!!!

quinta-feira, 26 de abril de 2007

As pessoas

Toquio subterranea e tao grande quanto a terrestre. Ha toda uma sociedade diferente debaixo da terra.

Voce consegue muito bem sobreviver durante muitos anos debaixo da terra sem ver a luz do sol, uma vez que as estacoes de metro sao providas de diversas lojas, como se fosse um shopping.

Pois bem, considerando que meus colegas de firma ja tinham zarpado ha tempos porque fiquei preso numa ligacao, resolvi ir almocar em um desses restaurantes que ficam na estacao do metro, aproveitando que ha uma saida do predio que cai direto na estacao. Jamais achei que a minha opcao, que a principio parecia inteligente, resultaria numa das experiencias mais aterrorizantes de minha vida.

Todo mundo sai meio dia em ponto. E quando digo meio dia em ponto, e em ponto mesmo (no final de semana passada quase perdi o busao pra Aizu porque achei que chegaria ao terminal 3 minutos antes da hora que efetivamente cheguei). Enfim, nesse dia acabei saindo meio-dia e meia (mais ou menos, porque brasileiro tem que ter uma margenzinha de erro). Ou seja, peguei bem a hora do rush em sentido contrario.

Achei que ja estava acostumado com as aglomeracoes de gente em Toquio, a maior densidade populacional do mundo, mas vi que ainda era junior nessa historia.

Simplesmente enfrentei um tsunami de gente que mal me permitia respirar. Imagine-se na 25 de marco, vespera de Natal, aquele mar de gente (isso e CNTP em Toquio). Ou pegue todo mundo que trabalha na Paulista e jogue todo mundo em uma estacao do metro. Muito pior, pode multiplicar por 10 e voce vai chegar mais ou menos perto do que eu vivi.

Era gente me empurrando, pisando no meu pe, fazendo eu voltar dois passos quando mal tinha conseguido dar um pra frente. Eu estava praticamente me afogando. Simplesmente parecia que metade da populacao japonesa estava la naquele momento de terror. Era tanto perrengue que pensei seriamente em deixar de almocar. Aquela altura, ja estava todo descabelado, com o paleto todo amarrotado, os oculos tortos na cara. Mas como sou brasileiro e nao desisto nunca, resolvi deixar a educacao de lado, aplicar uns pogos no meio galera, tecnica desenvolvida em anos de shows de roquenrol, para poder comer. Eis que consigo entrar em um restaurante, ja ofegante e todo suado.

Voce acha q o japones e inofensivo, mas a sua concepcao muda quando ve milhares vindo em direcao contraria em um corredor de menos de quatro metros de largura e centenas de comprimento.

Muito mais medo que "Os Passaros".

domingo, 22 de abril de 2007

Bom voltar pra casa. E ter saudades de casa

Passei este final de semana na casa da minha tia, em Aizuwakamatsu, na provincia de Fukushima, ao norte de Toquio.

E uma cidade do interior, com alguns castelos, em uma regiao mais fria que Toquio e que por isso mesmo ainda esta com todas as cerejeiras em flor.

E sempre bom encontrar a familia e sentir que se esta em familia, mesmo que depois de mais de 10 anos ininterruptos.

A minha vo estava la, tive a oportunidade de conversar com ela durante o final de semana inteiro. Praticamente nao saimos de casa, so conversando, botando o papo em dia. Foi bacana. Ela esta com 89 anos e ficou feliz em ter vivido ate agora e ter a oportunidade de me reencontrar. Bom lembrar que ela so esteve fisicamente presente em alguns momentos da minha vida, mas pelo significado de cada um destes momentos, de certa forma acompanhou o meu crescimento: o meu nascimento, a minha pre-adolescencia, ja na faculdade e agora, um homenzinho.

Apesar de tudo ter sido muito agradavel, tive tambem mostras do Japao que nao gosto. Do Japao preconceituoso e de visao deturpada e esteriotipada dos estrangeiros. Nas horas de conversa que tive, pude ouvir alguns comentarios pouco elogiosos dos imigrantes estrangeiros, notadamente dos chineses. E coincidentemente tive uma outra conversa no trampo esta semana em que ouvi alguns comentarios prejorativos em relacao a imigrantes.

O Japao nao e um pais que cresceu gracas aos imigrantes. E por isso eles nao sao muito benvindos aqui, a bem da verdade. E as vezes fico imaginando o que os dekasseguis sofrem ao vir pra ca e tambem todos os outros imigrantes no Japao. Agradeco sempre aos meus pais pelas oportunidades que eu tive na vida e ter a possibilidade nao ter que enfrentar esse caminho tao tortuoso.

Em que pese eu nao ter sentido preconceito em relacao a mim - alias deixo claro que jamais em nenhum momento eu senti isso aqui, pois apesar de ter crescido fora do Japao, sou ainda considerado de certa forma um japones - e duro ter que ouvir comentarios contra estrangeiros.

Japones gosta de tudo certo, tudo organizado, tudo sob controle. E isso resulta em nao gostar de nada fora do lugar, ou seja, nada que seja diferente. Mas isso nao os impede de adorarem os estrangeiros, desde que aqui eles permanecam pouco tempo.

Mas esse tipo de pensamento e mais comum em cidades do interior, que forma a maioria das cidades. Toquio nao e Japao, assim como NY nao e EUA. Entao nao da para tomar nem um ou outro como referencia do que e cada pais.

Enfim, o fato e que este final de semana passado no interior me fez lembrar dessas coisas ruins do Japao.

E voltando de onibus pra Toquio, senti-me estranhamente feliz e confortavel. Senti que estava chegando em casa por dois motivos: um porque estava de volta a cidade grande, que e o meu lugar, independentemente do pais; dois porque me lembrou um pouco aquela paisagem que vemos ao voltarmos para SP, a transformacao lenta e gradual do mato em concreto e luzes. Pra completar tudo isso, ainda avistei uma ponte cujo formato me lembrou muito a Marginal do Tiete e o duto da Sabesp iluminado.

Saudades do Brasil, terra de imigrantes, terra de estrangeiros benvindos e terra de gente diferente.