quinta-feira, 5 de junho de 2008

Assim ja e demais!


Ja tem gente que esta achando que sao reais as chances do Rio de Janeiro acomodar os Jogos Olimpicos de Verao de 2016.

E tem desequilibrado que fica apontando os Jogos Panamericanos como uma das vantagens competitivas. Como se o fato de receber jogos do Campeonato Mato-grossense habilitasse um estadio a receber uma final de Champions League. E para tornar a situacao ainda mais patetica, ha quem queira criar coincidencias pelo fato de Londres, sede da Olimpiada de Verao de 2012, ter tambem ficado em terceiro lugar na respectiva eliminatoria. Paralelo tao descabido quanto a comparacao da Lagoa Rodrigo de Freitas com o Hyde Park ou os guardas do Palacio de Buckingham com os PMs que ficam no Palacio do Guanabara.

Mas brasileiro nao desiste nunca, fica enchendo o saco ate o final.

Notem que “apoio governamental” foi o unico criterio que deu mais pontos ao Rio em comparacao com seus concorrentes. Nao poderia ser diferente, pois e uma oportunidade de ouro – sem trocadilhos – para conseguir uns trocados.

Nos demais, foi pateticamente goleado.

Afinal, quem em sa consciencia iria trocar o sistema de transporte publico mais do que eficiente de Toquio pelo metro do Rio, que consegue ser pior que o de Sao Paulo?

No quesito seguranca, nem se fale. Se a poluicao chinesa foi capaz de afastar ate o recordista mundial de maratona da prova olimpica, o que diriam os outros atletas ao saberem que podem dar de cara,ou melhor, de cabeca, com bala perdida no trajeto ao Estadio Olimpico?

Pois o Brasil deveria se contentar so com a Copa de 2014, fruto de uma equivocada regra de rodizio de continentes, que funcionou bem enquanto as sedes estavam no hemisferio norte. Mas como felicidade de pobre dura pouco, resolveram mudar as regras do jogo quando viram que a eficiente infra-estrutura, seguranca total, estabilidade social, civilidadade e show de organizacao da Africa do Sul seria replicada em iguais proporcoes no Brasil.

E ja que toquei no assunto “exposicao do Brasil no exterior”, devo mencionar o fato de que a edicao japonesa do mes de julho da revista Elle - que a proposito saiu no final de maio - traz uma reportagem gigante sobre o Brasil e locais interessantes para se ir, dizendo, de forma irresponsavel, que agora e “hot” ir pra aquelas bandas.

Por conta disso, uma advogada que leu a revista veio me perguntar se a imagem que ela tinha do Brasil de ser um local violento era falsa, uma vez que a revista ficava mostrando o quao charmoso sao o Leblon, as lojas da Oscar Freire, restaurantes dos Jardins e outros pontos localizados no eixo Rio-Sao Paulo como se tudo isso fosse uma replica nos tropicos de Manhattan, Quartier Latin ou Omotesando.

A coitada ate se empolgou, mas tive que deixar claro que nao me responsabilizo se um moleque que acabou de fumar crack sequestra-la relampagomente (ou nao) na frente do Iguatemi porque ela ficou vacilando com a sua roupinha Prada, o sapato Jimmy Choo, o relogio Cartier e a bolsinha Chanel. Alias falei pra ela que se ela quiser usar a roupinha Prada, o sapato Jimmy Choo, o relogio Cartier e a bolsinha Chanel no Brasil, ela deveria substitui-los por “replicas” e matar dois ratos com uma bica so: vestir-se como as nativas e ainda diminuir o preju em qualquer tipo de eventualidade.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Bicicletario

Todo mundo fica achando que Paris e vanguarda pelo fato das pessoas estarem adotando uma atitude verde ao voluntariamente substituir os automoveis por bicicletas. Mas o que muita gente nao sabe e que assim como “nouvelle cuisine” nao foi a primeira escola a valorizar a delicadeza e perfeicao da apresentacao dos pratos, a populacao adotar em massa a bicicleta como meio de transporte foi uma pratica adotada antes deste lado do globo.

No Japao todo mundo usa bicicleta para ir ao supermercado, ao trabalho, a academia e fazer curtos deslocamentos entre dois pontos. O transporte publico e usado somente para quando o trajeto for mais longo e o carro so para fazer uma viagem. Alias carro e um artigo completamente superfulo no Japao, como mostram as constantes queda de recordes negativos nas vendas, uma vez que o Japao conta com uma malha extensissima de transporte publico.

Esta reportagem mostra o quao popular e o ato de andar de bicicleta pela cidade. Ela mostra um novo bicicletario que foi inaugurado recentemente em uma das muitas estacoes de trens da cidade. O bicicletario em questao comporta ate nove mil e quatrocentas (!!) bicicletas em um poco subterraneo de 15 metros. O procedimento e simples: voce coloca a bicicleta na plataforma e, segundos depois, um elevador se abre, de onde salta um braco robotico que ira levar a sua bicicleta para um deposito cilindrico. Assim o processo parece complicado lento, mas o reporter levou somente 23 segundos para que a incrivel maquina devolvesse a sua bicicleta.

Suck it, Paris!

http://www.youtube.com/watch?v=wE4fvwTBtno

terça-feira, 3 de junho de 2008

Japa em Bali

Japones esta para Bali assim como argentino estava para Floripa na era Menem.

Todo mundo sabe palavras basicas em japones e faz questao de mostrar que sabe o que o cliente quer, bradando “happa!!!” (folha) e “kinoko!!!” (cogumelo) pelas ruas.

Bali e tambem um dos locais mais populares entre os casais japoneses que querem contrair matrimonio. O que nao falta e servico e resort oferecendo servicos relacionados. E engracado ver casais em traje tradicional (ocidental) de casamento e convidados na estica suando em bicas sob o sol escaldante enquanto todos tiram fotos e contemplam o por-do-sol a partir de um penhasco, naquela cena super cliché.

Mas a maior demonstracao da forca japonesa em Bali foi ver uma placa trilingue na piscina de um dos hoteis em que eu fiquei:

“Prezado hospede, por favor perdoem este humilde hotel e desculpem os simplorios servicais pelo incomodo causado pelo fechamento da piscina, mas este procedimento e absolutamente necessario para que possamos aprimorar os nossos pobres servicos para que o honoravel hospede possa usufruir de forma honrosa a nossa humilde piscina com a maxima tranquilidade durante o dia. Encarecidamente rogamos para que o honoravel hospede compreenda nosso lamentavel pedido e retorne de manha, quando o honoravel hospede podera aproveitar plenamente o pouco que o nosso hotel tem a oferecer.”

Verborragico como so poderia ser a lingua japonesa. Bastava o “sorry the pool is closed” que estava escrito em ingles, logo acima da frase quilometrica, que a mensagem estava dada.

Mas acho que e questao de tempo para o dominio japones cair.

Hoje em dia a Asia esta sendo invadida pelos turistas chineses.

Facil reconhecer um.

Pelo fato de andarem em grupos enormes e estarem tirando fotos das coisas mais idiotas que surgem pela frente? Obvio que nao, pois esta descricao pode corresponder a um grupo de japoneses ou coreanos. Basta ver se eles falam alto, nao respeitam fila e se estao horrivelmente mal-vestidos. Impossivel ser elegante com roupas “Made in China”.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Bali ou do momento "wanna be" colunista (tambem) de viagens

Limitando a analise a Kuta, a praia mais popular, poderia dizer que as praias e pessoas que estao ou vivem em Bali sao tao agradeveis quanto as que estao em Caragua ou Praia Grande. Se, por outro lado, o objeto de verificacao se reduzir a Ubud, na regiao de montanhas, diria que a ilha e a Embu das Artes com recomendacoes do Fromer’s, Rough Guide e Lonely Planet.

Mas apesar das (muitas) reminiscencias, Bali tem o diferencial de estar no sudeste asiatico, onde o luxo e o servico voltado aos turistas endinheirados – leia-se os sempre tradicionais europeus, os novos ricos chineses e russos e os velhos e ja nao tao ricos japoneses – e tao difundido que se torna acessivel ao cidadao mortal. Sinal de que esta mais do que na hora do Brasil parar de acreditar que simpatia compensa o servico-porco-padrao e achar que politica publica de valorizacao do turismo e processar o Matt Groening.

Luxo e bom e todo mundo gosta. Travesseiro de pena de ganso, lencol de fio egipcio, piscinas de borda infinita, restaurante bom e servico nao menos do que perfeito. Luxo em outros paises, esta virando commodity no sudeste asiatico. Por isso sempre recomendo esta regiao para viajar, onde mimo e os desejos mais mundanos estao alcance das maos de quem queira. E nao so para quem pode.

Em poucas palavras

A viagem teve muitos excelentes. A comecar pelo tempo excelente o tempo todo; excelentes jantares com excelentes vinhos; excelentes resorts com mimos excelentes; praias excelentes com por-do-sol excelentes. E a companhia perfeita, com quem construi as melhores lembrancas da minha vida.

Agora e voltar a concentracao a organizacao do casorio. E ao planejamento da segunda parte da lua-de-mel.