sábado, 31 de março de 2007

Hoje ta complicado dormir

Essas paredes de madeirite que tem aqui no Japao sao um desafio pra quem tem sono leve.

De um lado, um vizinho que esta roncando pra cacete. De outro, um que esta soltando gemidos e grunhidos estranhos (aparentemente o cidadao encontra-se sozinho).

Em que pese o espaco minimo a disposicao no apartamento, pelo menos tenho um som surround 5.1.

Aulas de japones

Voce que aprendeu japones numa escola de linguas e conseguiu certificados mil que comprovam a sua proficiencia, esqueca de vir para o Japao testar seus conhecimentos, pois voce ficara frustrado.

Japones tem mania de Japanglish ou ajaponeisacao de palavras inglesas.

Por exemplo (classico para quem ja jogou baseball), "second base" em japanglish e "secando" (de "second"). "Hot dog" e "hotto doggu". "Painappuru" vem de Pineapple. "Suiitsu" tem origem no "sweet". "Supiido" e a mesma coisa que "speed". E assim vai.

Mas pior que o japanglish e a abreviacao do japanglish.

Por exemplo, se alguem vira pra voce, que entende ingles, e te acusa de "sekuhara", voce saberia o que voce andou fazendo pra ir preso? Bem kafkaniano, nao? E se alguem quisesse discutir os valores do "rikidame", voce comecaria a reuniao falando sobre o que?

Imaginem o que essas duas palavras acima significam. Corto o meu pau fora se alguem descobrir.

Povo dificil

Queria desfazer a ideia que eu sempre tive que japones e dissimulado e a sociedade japonesa e uma bosta (alias ja tive uma discussao com um amigo sobre como uma cultura maravilhosa como a japonesa pode resultar numa sociedade, ou melhor, numa mentalidade tao bosta).

Japones e um povo dificil. Quer eles gostem ou te odeiem, eles vao sempre ser educados e lhe atribuir um monte de adjetivo positivo na sua frente. Mas, pelas costas...sinceramente prefiro nao saber.

O problema e que voce nunca vai saber se eles gostam ou nao de voce.

Resultado, nao consegui fazer ate agora nenhum amigo japones.

Acho que o problema deve ser comigo mesmo.

Eu nasci no Japao por uma obra do acaso (se meu pai tivesse acertado a mira so seis meses depois, seria americano) e cresci no Brasil. Por mais que eu pareca japones, nao sou um. Mas como pareco um, todos esperam que eu seja, esperam de mim um comportamento e um pensamento de japones. Mas eu nao sou assim. E eles sao implacaveis comigo. E tolerancia zero. Muito diferente se eu parecesse ocidental.

Com ocidental a coisa e diferente, e muito mais easy-going. Eles dao colher de cha, aceitam o comportamento deles, aceitam certas "exoticidades". Mas comigo nao e assim. Foda.

Juro que tenho tentado conseguir amigos japoneses, mas corro o risco de me relacionar com japones so durante a hora de trabalho e fora, so com expatriados...

Pena, acho que mais uma vez vou deixar de conhecer Toquio aos olhos do japones.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Abertura demais


Acho que ando abrindo demais meu coracao. Nao queria ficar tao vulneravel assim. E esquisito querer e nao querer que outros saibam o que realmente passa pela sua cabeca. Nao ha retribuicao e exposicao reciproca. Mas tambem ninguem e obrigado a se abrir. E tambem ninguem e obrigado a compartilhar a sua realidade comigo.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Night runner

Pela primeira vez sai pra correr a noite desde que cheguei a Toquio.

Vou dizer que correr a noite ouvindo um som eletronico (no caso de hoje, psy-trance, Eskimo), atravessando pontes iluminadas e predios cheios de neon tem tudo a ver. Parecia um retardado, empolgadissimo, praticamente em transe.

Nada como uma endorfina pra dar um animo.

Orkut o caraio

Ja sou tao cool, mas tao cool, que ate parte do A Small World eu faco parte. Foda.

domingo, 25 de março de 2007

Baladas

Sempre me perguntam sobre as baladas de Toquio.

Nao fui a nenhum ainda, se querem saber.

O que tenho feito de mais proximo e ir a "nomikai", ou seja, encontros para beber. E japones que e japones nao vai para bares no padrao ocidental. Vai pra izakaya ou yakitori para beber e petiscar.

E ate comida de "bar" e saudavel. Comida japonesa por excelencia, sempre. Ate sashimi de peixe vivo eles servem.

Para me lembrar destes momentos, ja comprei um livro de receitas de "comida de izakaya", equivalente japones do brasileiro "comida de boteco".

E a danca da fadiga, todo mundo sentadinho...

Comecei o post com uma piadinha interna, mas e para dizer que hoje fui a um bom show.

Fui ao Blue Note, em Aoyama, que vem a ser um de meus bairros prediletos, por indicacao de meu chefe como um bom lugar para ouvir jazz. Pelo nome, nao poderia decepcionar, pensei.

De fato, nao posso reclamar do show de hoje. Incognito, banda inglesa que vem a ser uma das referencias em acid jazz e jazz/funk, com quase 30 anos de estrada, fez hoje o ultimo show da turne deles no Japao.

Eles ja nao estao no auge, mas ainda fazem um show competente. Pena que a plateia nao ajude muito. O povo, que lotou a casa, so foi se levantar pra chacoalhar o esqueleto (mas mesmo assim do jeito niponico/contido de sempre) depois que Jean Paul "Bluey" Maunick, lider e um dos poucos (talvez o unico) remanscente da formacao original, pediu. Ate entao, era todo mundo sentadinho e batendinho palmas, acompanhando o som. Hilario.

Daqui a 2 semanas rolam shows do Blues Brothers. E, no final do mes, Milton Nascimento, sendo que entre um e outro rolam Diana King, Roberta Flack e Ron Carter, dentre outros. Ta ai uma dica para quem quiser ouvir um bom som em Toquio.