sábado, 17 de março de 2007

Comida brasileira?



Sim, e o cartaz do filme "2 filhos de Francisco". A foto foi tirada na estacao de Shibuya, um dos bairros em que os modernos de Toquio se reunem.


Deu uma saudade do Brasil, ate pensei em ir assistir, mas vi que era uma grande bobagem. Gastar uma grana (paguei mais de R$ 30,00 pra ver o "Motoqueiro Fantasma" outro dia) pra assistir a um filme que no Brasil nao iria por ser da Globo Filmes (odeio a estetica novela das oito deles).

Hoje ouvi mais portugues que o normal. Geralmente a audicao do portugues fica limitada as quase 2 horas de conversa diaria que mantenho com a Sue. Mas hoje, pela primeira vez desde que cheguei aqui, ouvi gente do Brasil falando. Eram turistas em sua maioria, mas tambem algumas poucas pessoas que aparentemente moram aqui tambem.

Ouvi tanto portugues hoje que ate lembrei da proposta de ir comer no Barbacoa de Aoyama (proximo a Omotesando, a Paris de Toquio) que o meu chefe fez outro dia.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Semaninha punk

Fui levado ao longo desta semana a alguns eventos corporativos/etilicos. Coisa comum aqui, costuma-se fazer reunioes enquanto se come e bebe. Sorte a minha, fa de comida tradicional japonesa, so fui a reunioes em restaurantes que servem "washoku" ou comida japa tradicional.

A colocacao do corporativo na frente do etilico acima foi proposital. A hierarquia dentro da empresa se estende para a vida comum. Seu chefe sempre vai ser seu chefe, o filho do seu chefe vai ser sempre o filho do seu chefe e, assim sendo, pode ter ascendencia ate sobre o seu filho. E uma hierarquia estanque, quase de castas.

Ta certo que estou numa empresa de atuacao global, acostumada com a vida globalizada, mas ainda assim existem estes resquicios do Japao mais tradicional, aquele que ao mesmo tempo que valoriza o trabalho (e por extensao as relacoes sociais intracorporacao) nao permite que o macho provedor segure a porta da sala de reunioes para a moca ou a senhora passar primeiro. E que faz com que voce seja malquisto se recusar um convite para beber de algum superior hierarquico. Eh quase como se recusar a participar de uma reuniao na qual o seu chefe pede para voce participar por ele nao poder (ou nao querer, whatever).

Enfim, esta semana tive uma boa demonstracao de como a cultura japonesa afeta a vida corporativa.

Falando em relacoes de trabalho, fui convidado pelo meu chefe para ir a Tsukiji, tradicional feira de peixes de Toquio. E la que acontece o famoso leilao de atums a partir das 4 da matina.

Nao acordei tao cedo assim, ate mesmo porque nao teria condicoes de acordar. Optamos por ir mais tarde, mais com o intuito de comer nos restaurantes localizados no entorno do mercado.

Alias comida aqui e uma coisa a parte. Tenho comido bem. Comida japonesa de verdade todos os dias, coisa que adoro. E gracas a dieta pobre em gorduras, tenho emagrecido cada vez mais...Logo, logo vou ter que comecar a pensar em trocar os ternos, que mais um pouco vai parecer um saco de batata.

Mas o intuito do post nao e falar de comida. E falar de como a distancia aproxima as pessoas.

A comecar pela minha relacao com o meu pai.

Verdade que eu sempre tive uma relacao muito mais proxima com a minha mae que com o meu pai, mas isso nao significa que a minha relacao com ele era das mais proximas.

Mas desde a morte dela venho (quer dizer, ele tambem vem) realizando um processo de aproximacao lento e constante.

Naquela epoca eu nao admitia a fraqueza dele diante da morte. Eu tive que durante muito tempo carrega-lo nas costas, digo emocionalmente, quando o que eu mais queria era que ele fizesse isso comigo. Foi a primeira vez que tinha percebido a fragilidade dele e nao podia admitir isso. E acabei me afastando dele.

Resumindo, a nossa relacao, entre indas e vindas, acabou culminando na separacao, com a minha saida da casa dele.

Mas ao contrario do que pode parecer, a minha saida nao foi porque me enchi de tudo.

Na verdade foi para mostrar a ele proprio que ele poderia se virar sozinho, sem ter que contar sempre e toda a hora com a minha ajuda. Enfim, praticamente uma inversao de papeis para mostrar que ele tambem poderia ser independente.

E a minha saida fez muito bem aos dois.

Para nao permitir um afastamento ainda maior, acabei me esforcando como nunca para aparar as arestas e ficar proximo dele. Todas as semanas eu o convidava para ir a minha casa para jantar e eu me preocupava sempre em fazer algo gostoso, especialmente gostoso. Ligava pra ele para saber como ele estava. E entre um vinho e outro, um prato e outro, um telefonema e outro, acabei concretizando boa parte de meus planos. Mas ainda restava uma certa distancia entre nos.

E acho que essa distancia acabou sumindo com a minha vinda pra ca. Desde o primeiro dia, temos nos falado por e-mail diariamente, trocando confidencias, falando e trocando dicas sobre a vida. Estou feliz por estar longe de meu pai e mais proximo do que nunca dele.

Diminuir a distancia que pode existir entre as pessoas, sentir que elas sao realmente a sua familia e demais.

E a minha familia vai crescendo com o aumento da distancia... aumentando tanto que se aproxima o dia em que vou comecar a constituir a minha propria.

Sempre achei que iria querer fugir desse momento. Mas envelhecemos e aprendemos o que a vida tem de melhor, ainda bem.

O fato e que o momento chegou e estou mais feliz do que nunca. Nao consigo parar de fazer planos para amanha...

Nao vejo a hora do futuro chegar, de construir uma vida adulta de verdade. Vida de responsabilidades de verdade, uma vida que afeta de forma irreversivel uma outra vida que te ama e que quer viver o mesmo futuro que o seu e que quer dividir o mesmo sonho. Uma vida em comum. Uma vida em comum com a mulher que eu amo, a mulher mais linda do mundo.

O futuro e um desafio grande e aproximar e manter as pessoas perto e maior ainda. Tao grande que o post anterior ja esta datado.

domingo, 11 de março de 2007

Anos dificeis pela frente


Consegui comecar o ano com a pessoa que eu amo so porque decidi cruzar o planeta e cometer uma loucura que chegaram a dizer que talvez nao deveria. So fiz porque o meu coracao dizia que iria dar certo. E deu.

Agora estou eu no oriente novamente, desta vez para alcancar um outro objetivo. Agora a empreitada foi movida pela racionalidade que falou mais alto que o coracao.

Em dois meses dei uma volta completa na Terra movido por diferentes combustiveis.

E falando assim ate parece que cruzar o planeta atras do alcance de um grande objetivo e da concretizacao de um sonho e uma coisa corriqueira pra mim, um ser tao pacato e bunda-mole.

Mas o melhor e que outro sonho esta para se iniciar em pouco tempo.

Sera que eu realmente mereco realizar tantos sonhos e alcancar tantos objetivos assim em tao pouco tempo? Sera que a vida nao vai comecar a perder a graca daqui pra frente? Ou sera que posso comecar a viver triste por chegar a um patamar em que nao consigo mais superar os desafios da vida por ele estar num local inacancavel?

Mas por enquanto so me esforco para nao acreditar que e normal tudo acontecer nessa velocidadede...Afinal, 2007 ainda nao tem nem 90 dias de vida.