sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Acabou, mas ano que vem tem mais

Deve ser o ultimo post de 2007. Acho que nao terei tempo de ficar postando durante a minha estadia no Brasil.

Depois eu registro as minhas impressoes sobre a viagem.

Um feliz Natal e um prospero Ano Novo. Para aqueles que tem alguma fe no futuro.

Balanco do ano

Uma estranha ansidedade e nervosimo me cercam nestas poucas horas que antecedem a viagem ao Brasil. E quase parecido com a mesma ansiedade e nervosimo que senti antes de vir pra ca.

Mas preciso relaxar um pouco. Afinal, e apenas o intervalo para descansar para o segundo tempo que vem ai, quando precisarei administrar o resultado e ampliar o marcador e melhorar o saldo de gols para ficar mais tranquilo na tabela. E agora e hora do show do intervalo com o Leo Baptista e hora de fazer uma breve retrospectiva dos melhores momentos que nunca antes na historia do pais houve.

Pausa nas metaforas presidencialisticas.

Uma amiga minha disse que o Japao esta me fazendo bem. Que agora eu pareco um homenzinho de verdade. Talvez ate tenha comentado isso aqui, mas acabei nao desenvolvendo muito a ideia.

Nao sei exatamente se e o Japao que esta fazendo bem a mim. Preferia dizer que o momento que estou vivendo e que me ajudou um bocado. Acho que e a confluencia de Japao, amor, novo trabalho, traquilidade, felicidade, novo ambiente, novos desafios.

Nao acreditava em mim mesmo, duvidava de minhas capacidades e achava que tudo que sou agora nao tinha sido mais do que uma feliz e bela coincidencia. Achava que minha vida tinha se resumido a ver as coisas caindo no meu colo e simplesmente escolhendo o que catar sem fazer muita forca. E que meu unico esforco consciente tinha sido estudar para o vestibular.

E por conta deste nao-esforco ou esforco inconsciente, passei alguns anos no Brasil sentindo-me meio perdido, sem muitas perspectivas para o futuro. E isso realmente nao faz bem pra cabeca.

Mas desde que vim pra ca, as coisas mudaram bastante. Acabei percebendo que muitas das coisas que eu fiz e conquistei ate agora nao foram fruto do acaso, mas do meu proprio esforco pessoal. Sou fruto de meus proprios esforcos, do que fiz e do que faco. Acordei de uma fase de ibernacao. E gracas a nova percepcao que adquiri, tenho um montao de sonhos e planejo o futuro. E quanto mais sonhos vou construindo, mais eles tendem a megalomania (mas ainda com um pezinho na realidade) mas ainda assim cada vez mais factiveis e possiveis de serem concretizados.

Mas claro que nao vou concretizar-los sozinho. Nem quero. Porque agora o sonho nao e so meu, mas sao nossos. A verdade e que o fato de ter uma mulher que sempre apoia, incentiva a sua evolucao e exige cada vez mais de voce e essencial para a evolucao saudavel do macho. E verdade tambem que o macho nunca sera provedor e sera para sempre um moleque se nao tiver ao seu lado uma mulher forte e exigente para puxar pra cima. Nao encontre alguem que faca isso e morra com o potencial inexplorado, e dormente para sempre.

Agora tenho uma companheira de vida que sei que vai me acompanhar para onde quer que seja (e vou acompanha-la para onde for), que me orientara sobre as decisoes certas a serem tomadas, que nao ficara sempre passando a mao na minha cabeca e me dara uns safanoes quando tiver alguma ideia insana ou comecar a ficar com preguica de viver.

E isso. Estava com preguica de viver. Mas agora estou renovado, pronto para enfrentar de cabeca erguida e peito estufado as decadas restantes. Estou feliz com o momento, otimista e esperancoso em relacao ao futuro.

Quem disse que fazer 30 anos nao muda nada?

O japones frio e timido ou doidao – combate ao estereotipo de uma sociedade

E sabido que o “wa”, cuja traducao mais adequada e harmonia, definida no dicionario Huaiss como “1 combinacao de elementos diferentes e individualizados, mas ligados por uma relacao de pertinencia, que produz uma sensacao agradavel e de prazer; 2 ausencia de conflitos; paz, concordia; 3 conformidade entre coisas ou pessoas; concordancia, acordo” e uma das pedras fundamentais da sociedade japonesa.

Olha que coisa bonita: uma sociedade que evita o conflito, busca a paz e conformidade entre as pessoas.

Lindo na frieza do dicionario, mas o resultado final e um pais campeao mundial de suicidio. Parece contraditorio? O que uma coisa tem a ver com a outra? E mais ou menos esta a pergunta - “porque os japoneses se matam tanto?” – que eu me fazia mas nao encontrava uma resposta convincente.

Inserido na sociedade japonesa, passei a entender melhor porque o povo japones e o que e e tambem passei a interpretar melhor as informacoes e sinais que eu ja tinha sobre esse pais.

E como resultado, passei a me entender melhor, compreender melhor as minhas atitudes e encontrei respostas para algumas questoes para as quais nao encontrava solucao. Foi quase um nirvana pra mim, que cresci entendendo so mais ou menos essa coisa complicada que sou eu e tambem a sociedade japonesa.

Pois passemos a minha resposta a minha pergunta.

O japones vive num circulo social bastante opressor pela busca obsessiva da tal harmonia. E a mesma historia do remedio que, se aplicado em doses excessivas, resulta em efeitos colaterais terriveis e perversos.

O japones e bombardeado por pressoes vindo por todos os lados da sociedade, que tenta a todo o custo ajustar as pessoas a forma do bolo social. Esta la cravado desde ha muito tempo que voce deve estudar, deve tirar boas notas, deve ir a uma faculdade, trabalhar em uma boa empresa, casar, ter filhos, sempre buscar a paz e o consenso social. E ponto. Nada alem disso. E desde japonesinho o japones e preparado e forcado a enfrentar neste ciclo.

Nao ha escapatoria, sair deste sistema resultara em sofrimento e uma grande pressao por parte do “seken”, que ira condenar qualquer tentativa de violacao do fragil equilibrio que cria a harmonia do meio. “Seken”, que e uma palavra de dificil traducao, vem a ser o conjunto de individuos formado pelo entregador de jornal, os vizinhos, a mae dos coleguinhas do seu filho, o atendente da vendinha, dos professores, aquele colegas de firma que so pegam o elevador com voce, enfim, aquela micro-sociedade formada pelo “conhecido” e que cerca o dia-a-dia do cidadao, a sociedade imediata, aquele grupo de pessoas que faz parte do cotidiano do individuo.

Tudo bem se a coisa parasse por ai. Mas as consequencias de suas escolhas podera se estender a sua familia, uma vez que o individuo nada mais e do que o resultado do que a familia fez com ele. Logo, a familia acaba tendo a mesma carga de responsabilidade sobre quaisquer erros ou comportamentos inadequados em sociedade de determinada pessoa.

O resultado de todo esse emaranhado de relacoes sociais e uma pressao tremenda nao somente por parte do “seken”, mas tambem da familia - que teme com razao entrar no estado de quase-limbo social em virtude de determinadas atitudes de um de seus membros – para que o homem japones se enquadre no esquema posto, no ideal de sociedade harmoniosa.

Toda esta pressao social que existe sobre o individuo e a familia acaba por explicar, por exemplo, a atitude de algumas familias que preferem esconder um filho deficiente fisico ou mental nas dependencias de sua casa a enfrentar o preconceito; a mulher que decide nao por os pes na rua ate morrer pela vergonha em nao ter arranjado marido; ou os adolescentes que sobrevivem no proprio quarto e jamais tem contato social.

E facil perceber, portanto, que o Japao esta mergulhado em um regime integral e intenso de auto-vigilia. A todo o momento o japones esta sendo julgado, forcado, moldado, pressionado, criticado e analisado por outrem e qualquer deslize, uma atitude mal planejada ou executada significa eliminacao do jogo. Acho que agora entendo porque nao me empolguei tanto com 1984 (mentira, na verdade li ha muito tempo e so nao lembro qual foi a sensacao ao terminar de le-lo).

E se voce nao consegue se adaptar a este ambiente, voce e o problema. Nao ha nada de errado com uma sociedade que prega a harmonia. As regras ja estao ai, escritas ha muito tempo e cabe a voce segui-las. E se por acaso voce esta sofrendo porque as regras sao muito duras, nao esmoereca, levante a cabeca, deixe de ser fraco, engula o choro e volte ao jogo. O que e que os vizinhos vao pensar de nos? E a lavagem cerebral que todos sofrem desde o nascimento. E e tambem por viver neste ambiente que japones fica perdido se nao houver planejamento na vida diaria. Porque toda a sua vida ja foi planejada, la atras e com frieza matematica, desde a epoca em que voce estava no saco do seu pai. Nao ha espaco para emocoes mais fortes, improvisos e falta de organizacao.

Neste ambiente opressor, nao ha com quem desabafar, nao ha como mostrar fraqueza, nao ha para quem correr. Isso explica tambem a historia que ouvi, de que terapia e algo quase inexistente neste pais. E carinho tambem - mas isso eu nao precisava ouvir, (nao) presencio todos os dias.

Toda essa confluencia de fatores, a internalizacao de todas as angustias, medos e emocoes reduz em ultima instancia o espaco para o exercicio da individualidade e da criatividade, sufocando o homem.

Na verdade espaco para a criatividade e exercicio de individualidade ate ha, desde que isso signifique nao incomodar os outros. E dai e que surgem os escritores japoneses, os desenhistas de mangas, os malucos que ficam dancando sozinhos em Yoyogi Park, os cosplayers que ficam fantasiando um mundo diferente, a moda maluca do Japao. Se voce nao for capaz de criar o seu proprio mundo – desde que, obvio, nao signifque conflito com o mundo real - para de alguma forma descarregar e despressurizar a si proprio, nao ha outra saida que nao puxar a cordinha e pedir para sair do trem. Ou saltar dele se nao parar.

Nao e facil ser japones. Viver na sociedade japonesa muito menos. Nao tenho a sensacao agradavel e de prazer que a harmonia deveria proporcionar.

Nao quero que meu pai ache que sou um infeliz. Muito pelo contrario, so tenho a agradece-lo pelo fato dele ter percebido o quao perigoso e este mundo e decidido se mudar ao Brasil praticamente com uma mao na frente e outra atras, deixando para tras a familia e amigos. Serei eternamente grato pela decisao de quase tres decadas.

Mas nao posso negar que identifico em mim algumas influencias desta sociedade tao bela e tao fera.

A harmonia em sociedade tem um preco: individuos fortes que respeitam as regras e (auto)eliminacao daqueles que nao estao adaptados ao meio-ambiente. So confirma que somos seres vivos. Nem racionais nem irracionais.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Resumo da semana

Por falar em centenario, crime, lei, Japao, Brasil, ta aqui uma noticia que resume bem os temas dos ultimos posts.

Esquecam tudo ou do aumento do custo de vida

Hoje rola o “bonenkai” (em traducao literal, “encontro para esquecer o ano”, ou em traducao contextualizada, festa de fim de ano) do juridico.

Todo mundo reclama de festa corporativa de fim de ano mas na verdade no fundo ninguem tem o que reclamar porque a enchecao de saco e compensada pela bebida e comida na faixa. O saldo final, portanto, e zero. Na verdade, nao e zero, tende a ser positivo (ou nao), porque sempre tem neguinho sem nocao que passa da conta e da vexame, o que resulta em boas risadas e historias ate o carnaval.

Mas a minha situacao e diferente. Tenho razoes de sobra pra reclamar.

Trabalho numa empresa pao dura em um departamento que so da despesa. Nesta situacao, e natural que para fazer parte do “bonenkai”, tenha de pagar por ela. E o custo nao e baixo, nao. A brincadeira deve sair em torno de ¥7,000, quase 70 doletas.

Se tivesse a opcao de escolher entre participar e nao participar, nao seria uma coisa ruim, mas a participacao e compulsoria, como em todo evento corporativo (especialmente no Japao, onde trabalho tem prioridade sobre a familia). E a minha participacao torna-se ainda mais obrigatoria que o normal, uma vez que rolou a extensao do meu contrato e tenho que mostrar um pouco de gratidao.

Por este preco, dava pra pegar a muie e ir pra um restaurante bacana para um jantar acompanhado de uma tacinha de vinho. Se for calcular o custo de ¥7,000 por cabeca, da ate para ir a restaurante estrelado.

Espero pelo menos que os joguinhos e as apresentacoes dos calouros rendam algumas risadas.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Autumn Leaves






O ano esta acabando e junto com ele, as ultimas folhas nas arvores anunciam o final de uma das epocas mais bonitas do ano.

Dava gosto de ver os jardins do palacio imperial que eu vejo da minha mesa, as arvores das ruas e os parques todos forrados de vermelho e amarelo.

Um tipo de espetaculo que infelizmente nao da para ver no Brasil (assim como muitos outros espetaculos que eu gostaria de ver na tao judiada patria).

Daqui pra frente deve comecar o frio de verdade, existindo ate uma probabilidade minima de nevar em Toquio na epoca do Natal, o que e uma raridade.

Nao tenho mais saco para trabalhar este ano. So consigo pensar nas minhas ferias de Japao.

Japao brutal

Faltam poucos dias para viajar ao Brasil e estou com uma certa paranoia em relacao a guerra urbana pega pra capar que corre solta por ai.

Viver em um dos locais mais seguros do mundo faz voce se acostumar a viver com as defesas guardadas e nao viver a beira do colapso mental de tanto stress de sair nas ruas. E e bom viver sob um estado que deveria ser natural.

Obvio que o Japao nao e imune a criminalidade. O interessante (ou o que da medo) dos crimes daqui e que eles sao sempre cercados por requintes de crueldade e uma dose cavalar de insanidade. Sao crimes que parecem ter sido minuciosamente planejados para chocar.

O mais recente destes crimes foi o suposto assassinato de uma senhora e duas de suas netas pelo cunhado da primeira por conta de uma divida. Como o uso de armas de fogo e proibido no Japao (e aqui a lei sempre pega), o suspeito usou uma faca de cozinha para golpear as vitimas. As criancas so foram esfaqueadas porque elas comecaram a gritar muito.

Alias teve um crime parecido - matar crianca por conta do barulho - ha uns tempos atras tambem mas a diferenca e que a relacao entre vitimas e assassino nao era familiar, mas de amizade - o maluco matou os filhos de um amigo.

O uso da faca acaba dando asas a imaginacao doentia das pessoas que cometem os crimes.

Pouco depois que eu vim pra ca, teve um outro crime que chocou a sociedade e que envolveu o seu uso.

No crime em questao, um estudante confessou ter matado a propria mae. Apos tirar a vida daquela que lhe deu vida (acabei de ler "Elite da Tropa" e agora tenho licenca poetica para cometer essas barbaridades literarias), de mala e cuia ele calmamente pegou um taxi, foi ate a delegacia mais proxima e disse aos policias que acabou de cometer matricidio. Chegando ao local do crime, os miganha viram o corpo decapitado e perguntaram ao moleque o que tinha acontecido com a cabeca, eis que na delegacia ele mostra o conteudo da bolsa que trazia consigo.

Acho que ele errou a mao na hora de apresentar o saco para a mae.

E parece que o psicopata japones tem uma predilecao com essa coisa de arrancar partes do corpo da vitima. Nao foi uma ou duas vezes que acharam pedacos de corpos dentro dos milhoes de “lockers” que existem nas estacoes de trens Japao afora. Tenho ate medo de usar esse servico porque nunca se sabe se a sua caixinha sera premiada.

E ja que o assunto e crime, tambem tenho uma historia que mostra a incompetencia dos policiais - mas talvez nao seja culpa deles, talvez a culpa seja dessa lei absurda que tal qual no Brasil, nao permite o cidadao de bem pagador de impostos adquirir uma misera armazinha de numeracao raspada para proteger o seu patrimonio e que alem disso tirou o instrumento de trabalho dos milhares de dimenor atuantes no ramo de coleta de valores nos sinais deste Brasilzao gigante.

Ha alguns meses, teve a historia de uma professora inglesa de ingles (trabalho de 90% dos gringos que nao sao expatriados) que foi estuprada e morta por um de seus alunos e “enterrada” na banheira da casa do cidadao (para ser mais preciso, foi coberta com areia). A policia, que ja estava investigando o desaparecimento da moca, deslocou meia duzia de seus homens para a casa do suspeito, que atendeu a porta.

Agora a parte mais incrivel.

O suspeito driblou todos estes homens mesmo tendo um diminuto espaco no corredor do predio, saiu correndo, ganhou a rua e desapareceu da vista. Nem Robinho conseguiria fazer isso, principalmente porque o meliante estava descalco.

Porem, o mais inacreditavel nao foi a habilidade do cara com os pes, nem o tamanho da incompetencia policial. Foi a honestidade que fez a policia esquecer a humilhacao para reportar o ocorrido para os superiores, que depois ainda divulgaram o fato a imprensa.

A PM paulista e a SSP/SP definitivamente precisam comecar a dar uns cursos para estes caras sobre abordagem de suspeitos e divulgacao de fatos a imprensa.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Agora e oficial

Acabei de fechar a extensao do meu contrato e vou ficar sete meses alem do previsto originalmente. Depois da minha rapida visita ao Brasil agora no final do ano, pais do sol, gente morena, samba e futebol, so no final de 2008. Existia a possibilidade de ficar mais, mas acho que nao conseguiria, estes tempo sera mesmo o meu limite.

Depois de tanto tempo de Japao, pelo menos agora sentimo-nos na porta de entrada do mundo globalizado. Mas para mergulhar de cabeca nele, acho que ainda falta um pouco mais de preparo. E para isso e que estamos tracando desde ja uma nova meta, para ser concretizada em um prazo de dois anos.

E bom ter novos e mais desafiadores objetivos, coisa que, confesso, sentia muita falta no Brasil.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Musicas bacanas

Toda vez que vou aos restaurantes e bares* para ter uma experiencia gastronomica – nunca e uma simples refeicao, tamanha a qualidade dos pratos - noto que a musica ambiente (sempre em volume agradavel) e jazz ou “new” bossa nova. Isso so mostra o quanto uma boa musica torna os momentos agradaveis do dia ainda melhores.

So comecei a falar sobre trilha sonora porque o comercial mais recente do iPod Touch que passa na TV e embalada por “Music is my hot hot sex”, do CSS (que alias tocaram no maior festival de musica do verao do Japao).

* nao contabilizados os estabelecimentos brasileiros, como os encontrados em Roppongi, o bairro mais nojento de Toquio, embalados por axe e pagode da pior qualidade.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Ta comemorando o que, cara-palida?

Dando uma fucada na internet vi que a materia de capa da Veja e o centenario da imigracao japonesa no ano que vem. Nao que eu pretenda gastar dinheiro com a revista tida como a mais importante do Brasil. Acho que so vou ter a oportunidade de ler a edicao se na minha visita ao dentista ou a peluqueria tiver uma edicao disponivel.

Mas imagino que a colonia esteja em polvorosa tendo em vista a proximidade da data e a midia em geral deve estar dando maior atencao as atividades da maior populacao de origem japonesa fora do Japao. Deve-se esperar brilho e grandiosidade nos eventos que cercam a efemeride e a data deve estar na boca do povo.

Mas do outro lado do mundo, as coisas nao sao bem assim. Pouca ou nenhuma gente (fora a legiao de brasileiros que invadiram o pais a partir da decada de 90 atras do sonho japones) aqui no Japao se importa com a data. Sobre o acontecimento, so vi mesmo um cartaz em uma das paredes da estacao Otemachi do metro. Mas mesmo assim ele e meio apagadinho e acaba camuflado em meio a outros cartazes institucionais (e que por isso passam despercebidos) que sao ate mais chamativos e visualmente mais atraentes.

Acho que nao e para menos. O brasileiro no Japao e em sua esmagadora maioria formada por pessoas de baixa e media qualificacao que prefere apertar parafusos e colar chipes no Japao e ganhar um salario equivalente a de advogado junior brasileiro em algum grande escritorio de advocacia (tanto um como outro nao deixam de ser trabalhadores bracais....) a encarar uma excitante, desafiadora e promissora carreira de taxista no Brasil.

Para piorar a situacao, o brasileiro, juntamente com norte e sul-coreanos e chineses, e um dos povos que sao mais responsabilizados pela escalada da violencia urbana nos ultimos anos. O Japao continua sendo um dos paises mais seguros do mundo, mas as estatisticas mostram que nas ultimas decadas, o crescimento da imigracao coincidiu com um aumento bastante significativo na quantidade de golpes, roubos, furtos, estupros e assassinatos. E uma visao bastante tendenciosa e preconceituosa, mas para a cabeca de muitos japoneses, os “gaijins” sao os responsaveis pela violencia japonesa (ainda que os noticiarios de cobertura nacional so mostrem crimes cometidos por locais).

Tomada a situacao por esta perspectiva, nao e de se espantar a postura japonesa em relacao ao centenario da imigracao japonesa no Brasil. Porque um pais que renasceu das cinzas gracas ao trabalho e a educacao (e financiamento norte-americano), teria que celebrar uma associacao com um pais que tem a imagem de possuir as mulheres mais vadias, o povo mais vagabundo e festeiro, sem educacao (para nao dizer selvagem) do mundo e que so pensa em jogar futebol? Nao que o Japao tenha ojeriza em relacao ao Brasil. Eles so nao dao importancia nenhuma. Ta todo mundo cagando e andando para o que deveria ser um evento de grande importancia – ao menos sob o ponto de vista do brasileiro.

Pois e, essa coisa de “100 anos de imigracao”, “ano do Brasil na Franca” e outras festividades do genero sao coisas que so servem para ficar massageando o ego do brasileiro medio, aquele que nao desiste nunca e que acha que e a melhor coisa do Brasil, quica do mundo. Mas atencao, a Copa do mundo e do Ricardo Teixeira!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Amor ao esporte, acima de tudo, by N.A.M.

"Amigos,

Eu sou palmeirense, mas acho que no fundo, todos nós temos que lamentar pelo ocorrido no último final de semana. A queda para a 2ª divisão de um grande clube do futebol Brasileiro pode até deixar alguns torcedores contentes, mas na verdade deveríamos ficar tristes. Essa é a consequência de uma má campanha, má administração e não só a torcida, mas todos os brasileiros deveriam parar para refletir o que aconteceu. Disputar a 2ª divisão não é digno de um clube tão conhecido, que já disputou inclusive a Taça Libertadores da América, por isso, acho que todos nós, Brasileiros e amantes do bom futebol devemos nos unir e fazer um voto de confiança para que este clube esteja em 2009 de volta a 1ª divisão! Força, Paraná! Você é muito grande!!!!!!!!! Obrigado !"

Hou-hou-hou

O fim do ano se aproxima e aqui tambem todos ja estao sob a operacao padrao.

E fim de ano significa que o Natal esta se aproximando. Como nao poderia deixar de ser em um mundo globalizado, aqui tambem existe espirito natalino. Mas na sua versao niponica.

Diferente do que ocorre em boa parte do mundo ocidental, Natal no Japao nao significa reunir a familia, se empanturrar de comida, desejar coisa boa a todos, ficar feliz e outras cositas mas que a pequena burguesia esta acostumada a fazer nesta epoca do ano. Mas tambem nao significa so mais um dia de trabalho (sim, dia 25 todo mundo trabalha normalmente). Tampouco significa preocupacao sobre os presentes a serem comprados, cartoes para serem enviados.

Natal no Japao e praticamente o dia dos namorados. Talvez o verdadeiro dia dos namorados para os japoneses.

Nao sei por qual razao, o que eles chamam de dia dos namorados por aqui, o Valentine’s Day, nao tem nem um pingo do romantismo do Natal. Valentine’s Day e nada mais do que um dia para a mulherada distribuir chocolate para os homens que ela gosta (amigo, ficante, namorado, sex buddy, marido, etc.) e as vezes ate para quem ela nao gosta (chefe, colega de firma e afins). Antigamente somente a primeira especie era distribuida, mas de alguns anos para ca, surgiu tambem a segunda modalidade, chamda de “giri-choco”, palavra originada da mistura do verbete “giri”, que pode ser traduzido mais ou menos como “obrigacao moral”, “sentir-se obrigado a”, “fazer o que a sociedade espera que o homem medio faca”, com o inicio “choco” de chocolate, que e para nenhum feinho se sentir desprezado.

Pois bem, a versao japonesa do espirito natalino e meio gordinho, tem asas e sai disparando suas flechas contra o coracao dos incautos. E muito provavelmente e metrosexual.

E assim nesta epoca todo mundo sai a procura de alguem para passar momentos romanticos, sair para um jantar a luz de velas, caminhar a luz do luar, trocar carinhos e beijos (sempre escondido porque japones e timido), ir a love hotel. Passar o Natal em familia nem pensar, que isso e sinal que vc nao esta comendo ou dando pra ninguem ou que ninguem tem sequer o minimo interesse de dar para voce ou te comer. Um verdadeiro loser.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Fetiche com pandas


A historia que ouvi uns dias atras me faz achar que o cartoon acima (chupinhado do mundinho da cultura pro-alcool) na verdade foi baseado em fatos reais.

Contou-me um amigo que um conhecido dele foi a um clube noturno de Toquio que nao era de S&M em que a principal atracao era ver pessoas penduradas pelas maos e pes ao teto e serem espancadas e chicoteadas por um panda. Sim, por um panda, como um desses que vivem andandinho nas Disneylandias da vida e sao costantemente atacados pelas temiveis criancinhas.

Fico tentando imaginar que tipo de vida surreal uma pessoa que ganha a vida se vestindo de panda sadico leva. Ou, mais doentio, que tipo de vida tem uma pessoa que paga para ser espancada por outra vestida de panda sadico. Ou mais bizarro ainda, como funciona a cabeca de alguem que paga para entrar em um lugar para ver outras pessoas pagarem a outra para bater nelas usando uma fantasia de panda sadico.

Agora o mais assustador de tudo mesmo nao e o panda sadico, o masoquista ou o publico do clube. E como tudo isso acaba sendo encarado com uma certa naturalidade aqui no Japao. Em qualquer lugar do mundo uma historia dessas nao seria levada em consideracao tamanho o absurdo (ou no maximo seria roteirizado e viraria um episodio do South Park). Mas aqui nao, o dia-a-dia e tao divertido que ninguem duvidou da veracidade do relato.

Viver em Toquio significa se acostumar a nivel de bizarrices que poucos seres humanos aguentariam.

Mundial de Clubes

Dia seguinte a queda do gamba para a segundona acho que e um dia perfeito para se falar do Campeonato Mundial de Clubes.

Nao tinha me interessado ate pouco tempo atras em ir atras de ingressos para o Mundial que comeca esta semana porque o Tricoshow nao estara presente no certame, o que reduz em muito a grandiosidade do evento.

Mas como nao e todo o dia que da para ver o Milan ao vivo, resolvi ir atras de ingressos esta semana.

Inocencia da minha parte achar que conseguiria ingressos para a final a menos de duas semanas do jogo. Esqueci que japones e craque nessa historia de se programar para ir a grandes eventos publicos, coisa que deveria ter aprendido depois de quase um ano no Japao. Se eu quisesse ingressos para a final, a verdade e que eu deveria ter mexido a bunda logo que aqui aportei.

Aqui no Japao, pais em que a organizacao beira o exagero, os ingressos se esgotam com meses de antecedencia. Mal acostumado a comprar tudo de ultima hora, nao consegui ir a shows aqui no Japao justamente porque quando pensei em ir atras de ingressos, eles ja estavam esgotados ha tempos. E olha que nestas ocasioes ate que agi rapido, tipo um mes depois que comecaram os anuncios ostensivos e 4 meses antes da efetiva apresentacao.

Apesar dos ingressos para a final estarem esgotados faz tempo, descobri que ainda existem alguns disponiveis para a semi-final entre o Milan e o vencedor de Urawa Reds, time com a torcida mais fanatica do Japao e que recentemente se sagrou campeao asiatico, e o ganhador do emocionante jogo entre o iraniano Sepahan (que alias perdeu a final do Campeonato Asiatico para o Reds) e o Waitakere United (campeao da Oceania). O problema e o horario, quinta que vem, a partir das 19h30. Se o jogo fosse em Toquio ate me animaria, mas sera em Yokohama, tambem palco da final, a cerca de 45 minutos daqui.


Vou ter que me contentar em acompanhar os jogos pela TV, fazer o que? Ou sera que eu encontro um personal cambista delivery (se existir, deve ser algum brasileiro) por aqui?

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Fotos aleatorias do dia-a-dia


Fotos do ape



Fotos tiradas em diversos comodos.

Tem ate a foto do controle da enterprise, que e a forma como ja ouvi alguns estrangeiros chamarem a privada.

Alias, falando em privada - ate parece que tenho uma fixacao meio doentia - vi na Starbucks aqui perto de casa uma privada que tem um botao cuja funcao e emitir o som da descarga sem propriamente dar a descarga. Nao entendi ate agora a sua funcao...

Nao liguem que a Sue so aparece estudando na maior parte das fotos. E a unica coisa que ela fez nos ultimos meses. Por isso nao tenho o que fazer e fico tirando essas fotos idiotas da casa.

Na verdade, nao sao idiotas nao. Se nao tirasse fotos sei que depois me arrependeria, entao vou mesmo e ficar tirando um monte de foto nada a ver. Qualquer coisa e so deletar depois. Maravilhas da foto digital.

Mas a ideia e mostrar o ape para os que nao podem vir ate ele.

Adoro o ape. E o primeiro lar com a Sue, onde estamos passando momentos muito felizes.

Pa de foto


Cha e bambus em templo de Kamakura.


















Foto de montao

METAL!!

Metal e madeira

Metal e agua

Metal e compras

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Fotos do casal


Linda e chique em Yokohama, semana passada

No Nobu, restaurante do De Niro

Levando o cachorro pra passear;
nao da para ir sem ele ao supermercado

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Beckham e praticamente um mendigo no Japao

Nao e dificil obter a comprovacao sobre o grau de metrossexualidade do japones medio.

Basta sair as ruas e ver as roupas dos caras - e preciso ter muita coragem e certeza de sua opcao sexual para usar certas vestimentas - e a quantidade de produtos de beleza nas farmacias para o publico masculino - como por exemplo uma gondola cheia de tintura para cabelos que nao perde em quantidade e variedade para as tinturas disponibilizadas para a mulherada.

Nao que eu precisasse de mais provas sobre o fato do Japao ser o pais dos metrossexuais. Mas este final de semana vi uma coisa que superou qualquer expectativa: cruzei com um mindingo - sim, um mindingo - com a sombrancelha feita!

Mendigo japones nao pede dinheiro pra comprar pinga. Quer dinheiro pra fazer as unhas!

E no mundo afora ainda ficam fazendo alarde pelo fato do Beckahm aparecer com a sombrancelha desenhada nas entrevistas...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Triste e o pais em que a honestidade e uma virtude.

Cumprimento de uma obrigacao jamais deveria virar noticia (clique aqui).

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Assalto a banco

Ha pouco vi homens fortementemente armados com cacetetes adentrarem no predio da empresa para realizar o transporte de valores.

Nao vi ate agora nenhum noticiario sobre assalto a banco. O evento mais proximo que tomei conhecimento foi a de destruicao de caixa eletronico a golpes de marreta, tijolo e pedra na calada da noite.

Nada como viver em um pais em que nenhuma lei - inclusive a do desarmamento - sofre com o condicionador de eficacia das leis que existe no Brasil, o "pegar" e "nao pegar".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Capital mundial da gastronomia

O lancamento da versao de Toquio do Guia Michelin, a biblia dos restaurantes, no dia 22, e um dos assuntos mais comentados da semana.

Tambem nao e para menos. O guia distribuiu nada mais, nada menos do que 191 estrelas entre os 150 restaurantes listados. E a maior quantidade de estrelas em uma mesma edicao e representa quase 3 vezes o numero de estrelas existentes na versao francesa (65). A lista e formada por 8 restaurantes 3 estrelas, 25 restaurantes 2 estrelas e 117 1 estrela. E um feito inedito dentre as 22 versoes do guia lancado mundo afora (o japones e o primeiro fora da Europa e EUA), pois todos, mas absolutamente todos os restaurantes listados no guia, tem pelo menos uma estrela.

Para chegar a esta classificacao, os jurados frequentaram ao longo de 18 meses e de forma anonima cerca de 1500, ou menos de 1% dos (estimados) cento e noventa e cinco mil (!!!) restaurantes, bares e similares (segundo dados do Governo Metropolitano de Toquio) que existem nesta cidade.

Com tamanha quantidade seria obvia a quantidade de estrelas, alguns podem pensar.

Em parte e verdade, mas eu particularmente acredito que o conteudo do guia reflete com justica a paixao que os japoneses tem em comer, apreciar a comida, caprichar na escolha dos ingredientes, na preparacao da comida e por consequencia exigir nada menos do que o melhor dos restaurantes. Por consequencia, a media da comida dos restaurantes japoneses e altissima. Por isso, acho que o que impressiona em Toquio e menos a quantidade (ja por si so impressionante) mas a qualidade de cada um dos estabelecimentos. Eu mesmo nao consegui ate agora repetir restaurantes e tambem nao sei ate agora dizer qual deles e o meu predileto ou o pior (e olha que eu sou chato pra cacete neste quesito). Vamos ver se o Michelin me ajuda nesta dificil missao.

Ja anotei o nome dos restaurantes 3 estrelas. 2 deles sao de sushi (ae, Edgar, quando voce vier fazer o sushi restaurant tour aqui em Toquio, voce vai descobrir o que e um sushi bom), 3 de comida japonesa (um deles contemporaneo) e 3 franceses (dentre os quais uma filial de um restaurante 3 estrelas da Franca).

A quem interessar possa, vai ser lancado simultaneamente uma versao em ingles do guia.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Contagem regressiva

Nao vejo a hora para passar as minhas ferias relampago no meio do caos.

Ja to cansado

Hoje praticamente fui expulso do trampo porque andei trabalhando muito nas ultimas semanas.

O auge acho que foi a semana passada. Tamanha produtividade estava estampada no relatorio semanal da equipe. Ao longo da semana, as 11 pessoas trabalharam em 13 grandes projetos pelas Americas: 1 no Mexico, outro no Chile, mais um no Canada e 4 nos EUA. O restante, no Brasil.

E tendo em vista que tudo o que e feito no Brasil eu cuido ou dou pitaco (mais cuido do que dou pitaco), isso resulta que sozinho fui o responsavel pela metade dos trabalhos feitos pela equipe na semana ou que eu trabalhei por 10 pessoas. Pena que nao tem bonus por tamanha produtividade.

Ainda bem que esta semana e curta!

domingo, 18 de novembro de 2007

Logo, logo comeca a temporada de ski

Desde a semana passada o frio vem aumentando. Nao vejo a hora de andar de snow!

Simplesmente um luxo

O Japao nao e um pais cristao mas e um pais consumista, logo o Natal torna-se uma data para ser lembrada.

A regiao de Ginza, que ja e forrada de letreiros e luminosos, esta ainda mais iluminada por conta das milhares de lampadas e milhoes de dolares gastos na decoracao da fachada das lojas de departamentos. Uma das que mais chama a atencao e da Matsuya, que se transformou em uma gigantesca bolsa da LV que vai mudando de cor.

As decoracoes de Natal de Ginza refletem o espirito comercio de alto luxo que domina esta regiao. O luxo do Armani Tower, um predio de uns sete andares so de produtos da Armani inaugurado ha duas semanas, que se juntou ao predio da Chanel (que e um espetaculo a parte com suas janelas que formam um painel eletronico em preto e branco que vai formando desenhos super discretos), ao predio da Bvlgari, ao predio da Apple, ao predio da Cartier, ao predio da Burberry, ao predio disto e ao predio daquilo. E neguinho na Belindia se orgulha de ter o Iguatemi e a Oscar Freire...

Tudo e muito grandioso, tudo muito luxuoso, tudo muito abastado, tudo muito chique e ao mesmo tempo tudo muito exagerado em Ginza. Mas o pior e que apesar de tudo ser meio demais (luz demais, gente demais, vitrines demais, precos altos demais), por morar nas redondezas, acho tudo isso normal. Alias redondezas e um exagero, moro no meio de Ginza praticamente. A tres quarteiros da bolsa gigante da LV acima mencionado, a mesma distancia do predio da Chanel, da Cartier, da Bvlgari e Armani. Ainda bem que nao sou consumista...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Projeto artistico

Esses noruegueses sao praticamente o Marcel Duchamp da musica moderna. Procurem por clipes do Hurra Torpedo no youtube. Ta aqui um exemplo do que esses caras sao capazes de fazer.

Nao esqueca seu dedo em casa

Ja comentei sobre a influencia portuguesa na cultura japonesa? Pois acho que a literalidade foi uma das herancas. Atencao para a resposta a questao numero 2.

http://www.immi-moj.go.jp/keiziban/happyou/pdf/poster-english.pdf
http://www.immi-moj.go.jp/english/keiziban/happyou/Outline_070925.pdf

domingo, 11 de novembro de 2007

O cheiro do Halo

Zerei Halo 3, o que e um feito para mim, pois ele e um primeiro jogo em primeira, estilo de jogo que estava acostumado a jogar muito pouco, nao mais do que uma hora tao somente no dia da aquisicao do jogo.

A falta de coordenacao para controlar tantos botoes em tao pouco tempo para conseguir virar corpo, cabeca, correr, segurar arma, trocar de arma, jogar granada, ver o mapa, atirar, pular, etc. era um dos grandes fatores que me fazia desgostar deste tipo de jogo. Achava foda demais jogar um troco em que o sucesso baseia-se na capacidade de fazer com que o seu cerebro controle todos os seus 10 dedos das maos para usar os 12 botoes do controle ao mesmo tempo e a todo o momento. Nessas horas dava uma saudade do Mega Drive, que so tinha quatro botoes para se concentrar! E quem joga sabe, a falta de coordenacao motora neste tipo de jogo e invariavelmente a morte do personagem e o reinicio da fase. O que e um chute no saco. E motivo para rapidinho largar mao do jogo.

Outro fator, talvez o mais preponderante, era a facilidade para adquirir jogos no Brasil. Seja facilidade de pagamento, seja para achar um revendedor. Era uma maravilha, tecnologia de primeiro mundo pagando precos de terceiro. E ainda tinha a vantagem de nem precisar pesquisar direito para ver do que se tratava o jogo. As aquisicoes (pelo menos as minhas) baseavam-se sempre no comentario do amigo, em que pese os gostos totalmente diferentes. Era uma delicia comprar so para ver qualequee, achar o jogo uma merda e depois deixa-lo de lado.

Mas aqui as coisas nao funcionam assim, comprou, nao gostou, foda-se, jogue ate o final se nao quiser ficar com o gostinho ruim do preju financeiro na boca.

Assim, acabei me forcando a adquirir a capacidade de coordenar o movimento de meus dedos e me viciei no Halo 3. E terminei a porra do jogo.

O problema e que isso aconteceu a mais de uma semana do lancamento de WE 2008, o proximo da lista de desejos.

E agora, o que vai ser da minha vida ate la?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Japao, pais de inventores

http://www.nytimes.com/2007/10/20/world/asia/20japan.html
http://www.smh.com.au/news/unusual-tales/car-toilet-to-end-crises-in-traffic-jams/2007/10/24/1192941100569.html

Japao, pais de fofos

Juro, tem tanta gente fofa aqui que nao ser acaba sendo motivo de elogio: "nossa, o fulano parece homem!".

http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL172001-9658,00-HOMENS+JAPONESES+ADEREM+A+FOFURA+NOS+CARROS+E+NAS+RUAS.html

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Novo brinquedo

Parei de fazer MBA por tabela em tempo parcial para jogar video-game em tempo integral.

Agora espero ansiosamente pelo lancamento mundial do Winning Eleven 2008, daqui 2 semanas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Cronica de uma tragedia anunciada

Copa no Brasil? Quanta irresponsabilidade...

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

I’m feeling nasty today

Hoje foi um dia historico. Tenho certeza que ficara na memoria de muitos que trabalham comigo.

Com os caciques da equipe fora hoje e amanha por conta de uma rodada de reunioes em um hotel nos arredores de Toquio, os peoes resolveram se rebelar na hora do almoco. Foi so o novo chefe se ausentar que as pessoas se iluminaram como se um enorme peso tivesse saido do ombro. So faltou mesmo o pulinho da alegria. Mas mesmo sem o pulinho, a feicao das pessoas mudou de tal forma que ate gente que nao e da mesma equipe percebeu a mudanca no clima mais leve do ambiente.

O clima de relaxo era tanto que todos chegaram 5 minutos depois que bateu o sinal das 13h (sim, aqui e igual colegio, bate o sinal para comecar a trabalhar; o sinal para sair para o recreio, digo, almoco; sinal para voltar ao trabalho; e, finalmente, sinal para parar de trabalhar) porque resolvemos extrapolar e rangar o nosso “bento” (marmita para os iletrados) nos jardins do Palacio Imperial, que fica aqui em frente e ainda mandar um cafe no Starbucks que fica aqui do lado. Ate propus de emendar uma breja para lembrar os bons tempos de Brasil em que almoco de 2 horas tinha que rolar uma gelada, mas acabei sendo solenemente ignorado.

Mas obviamente que tudo isso nao foi arquitetado pelos japoneses. Eles nao teriam a capacidade de pensar em cometer tamanha ousadia. Tinha que ser coisa de gaijin, esses estrangeiros que vem pra ca tumultuar o bom andamento do sistema.

Vou ver se amanha chego no trampo as 10 da manha, como fazem todos os advogados dos grandes escritorios do mundo afora.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Relembrando o passado

Aqui no Japao sempre acabo preparando algum prato de inspiracao asiatica.

Pensando bem, nao e a toa, pois querendo ou nao, a Sue e eu ja passamos pelos paises asiaticos com maior representatividade no mapa-mundi gastronomico: China, Japao e Tailandia.

Hoje preparei um camarao de inspiracao tailandesa. Digo inspiracao porque nao sei se existe tal prato na Tailandia. Mas pra mim todo prato que traz o conjunto fruto do mar, leite de coco, curry verde, nam pla e capim limao e inspirado na Tailandia. Alias, adoro capim limao. E o que da charme aos pratos tailandeses.

Mas a ideia do post nao e falar das delicias gastronomicas. Mas sim o quanto a Tailandia, meio que sem querer, acabou sendo um pais-chave na minha vida com a Sue.

Foi no Thai Gardens, ali na Nove de Julho (existe ainda? Se nao, e uma pena), que fizemos o nosso primeiro jantar, assim meio despretensioso (na verdade nao tao despretensioso assim; o pior, ou melhor, o melhor, e que nenhum dos estava ali por acaso e de forma tao despretensiosa assim), onde nos encontramos para tratar de assuntos profissionais (quem disse que trabalho pro labore nao pode render frutos?).

Foi na Tailandia que reencontrei a Sue depois de ficar meses afastado dela e em crise, e onde passamos semanas maravilhosas (brigado, Tata, pelas dicas!) e de la sairmos para ficarmos juntos para sempre.

Sempre tive a ideia de que so voltaria aos lugares ja visitados somente depois de esgotar as opcoes de destinos interessantes que existem no mundo. A re-viagem seria la pelos 50 anos e seria um retorno a todos os destinos ja dantes visitados e so para sentir as mudancas implacaveis do tempo.

Mas a Tailandia e uma excecao, queremos voltar o quanto antes, so para sentirmos de novo o gostinho de curtir a vida.

Nao resisti e acabei revendo algumas fotos tiradas la. Alguns exemplares ilustram este post.

Acho que as fotos falam por si, destino recomendadissimo!

A passagem e cara, mas o preco das outras contas que compoe a viagem compensa, sem duvida nenhuma. No final das contas, acaba saindo o mesmo custo que uma viagem a Europa.

Amo meus amigos

Domingo tive o prazer de falar com alguns grandes amigos, irmaos.

Era churras de aniversario de um deles, mais de uma da manha no Brasil e obviamente todos devidamente embriagados (caso contrario nao haveria a decisao de ligar no meu celular a partir de um celular).

Nunca ouvi tantos "eu te amo", "que emocao falar contigo" e "voce faz uma falta do caralho, seu filho da puta" de tantas pessoas em tao pouco tempo. E tambem nao achei que fosse possivel eu provocar tanta emocao e choro nas pessoas. Confesso que me senti a pessoa mais querida do mundo (ta, do mundo e exagero, talvez do Brasil e do Japao).

Saudades desse povo. Saudades das mesmas historias e das mesmas mesas de bares.

Sao estes os seres que tornam dificil a permanencia nestas terras.

Amo todos voces, seus putos!

Kangeikai ou do quanto gostaria de dizer kagei pra vc

E tradicao no Japao todo mundo que comeca a trabalhar receber um welcome party.

Neste contexto ontem rolou a festinha do novo team leader, chefe de equipe para os intimos.

Como a festa era para o ser mais simpatico do universo, a festinha foi bem chatinha.

Cheguei mais tarde por conta do trampo, juntamente com a S-san - que ficou chorando enquanto conversavamos no metro por conta das dificuldades tidas no dia com o novo chefe - mas a festinha estava bem caidinha. A coisa comecou a ficar animada quando a equipe, formada por 11 pessoas, acabou se dividindo em sub-grupos para conversas mais relaxadas. O porem e que a pessoa a quem a festa se dedicava acabou ficando isolado, era o unico que nao dava risadas e nem se preocupava com o que acontecia em volta. Complexo de Napoleao, segundo o Dinesh.

Alias nao sei qual e a dele. Sempre sinto uma bad vibe quando ele esta por perto. Talvez exista um ressentimento pelo fato dele ser uns 10 anos mais velho se comparado aos outros team-leaders de outras equipes e nao ter subido tao rapidamente quanto os seus contemporaneos. Sei la, so sei que o clima nao e muito bom desde que ele chegou.

Saudades da epoca em que estava trabalhando direto com o K-san, o que adora a America Latina, e o A-san, o general manager easy-going.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Novidade no trampo

Desde a semana passada estou com um novo chefe.

Sempre e dificil a adaptacao com um novo superior, mas dessa vez o desafio parece ser maior.

E unanimidade que o chefe antigo era mais legal e chamava mais a responsabilidade para si e deixava o trabalho fluir melhor. Alem disso, o anterior adorava a America Latina e o estilo latino-americano de trabalhar, o que ele chamava de "na base da amizade".

Nao que o atual seja uma pessoa ruim, mas talvez os nossos genios (e de todos os outros seus subordinados e tambem dos clientes internos, que ja ha tempos vinham desejando boa sorte a mim quando o troca-troca interno ainda nao havia ocorrido) talvez nao batam com o dele. O tempo ira dizer se me enganei (ou nao), mas hoje tive que sair para almocar com ele e o silencio que incomoda acabou dominando a maior parte do tempo.

O novo estilo ao qual estou subordinado, um estilo, digamos, menos centralizador, foi percebido por todos do juridico, inclusive por pessoas de outras equipes. Tambem pudera, estou ficando ate bem mais tarde que de costume.

Nao sei se e bom ou e ruim, o fato e que agora estou trabalhando como se um funcionario regular fosse, e nao como um "secondee", que e a forma como internamente sao chamados os advogados vindos de outras jurisdicoes, que costumam ter uma vidinha mais tranquila - ferias, comparada a vidinha normal em seus respectivos paises de origem.

Nao deveria estar externalizando esse tipo de coisa pois segundo a Sue isso so da margens para a internalizacao desses sentimentos e e o primeiro passo para o insucesso das relacoes interpessoais. Mas nao pude me conter, pois falar mal do chefe e o esporte predileto do trabalhador brasileiro. E o problema e que nao tenho com quem praticar aqui, pois falar mal dos outros e feio, jamais passaria pela cabeca do funcionario japonese comum fazer uma coisa dessas. Como diz a Suita-san, e so mais um aprendizado na vida de um funcionario...

Mas isso e uma coisa invejavel dos japoneses. Voce pode estar responsavel pela coisa que mais odeia na vida, mas ja que e a sua atribuicao, faca o melhor que voce consegue fazer. Sem reclamar.

Mas vamos la, vou conter a minha vontade de mandar o cara tomar no cu e falar para largar a mao de ser folgado. Tudo por uma causa maior, o de continuar a trabalhar bem para estender a minha permanencia no Japao ate pelo menos o final do curso da Sue.

E acho tambem que e hora de pensar mais seriamente em um plano B, um estagio em algum escritorio. Alias preciso lembrar de agendar um jantar com o Sergey, advogado bulgaro da filial japonesa de um escritorio americano (e viva a globalizacao) e tambem com o socio do escritorio japones ao qual o escritorio e filiado para ver se consigo melhorar um pouco o meu humor.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sound of silence

O Japao e um pais de solitarios e a solidao e exponencialmente aumentada pelo silencio que domina o pais.

Nao tinha parado para pensar nisto ate ir a China. Foi um choque sair de um pais em que o caos domina e adentrar em territorio dominado pelo silencio, onde e possivel ouvir o som dos passos sobre um chao de carpete.

Lembrei de escrever este post porque ontem fui a um bar com um brasileiro que esta fazendo um tour pelo mundo. Ele me contou o quao deprimente e ficar por ultimo e esperar sozinho pela mala na area de recebimento de bagagens, enquanto uma voz feminina vai anunciando quando a esteira vai parar. A voz e baixa, a gravacao e repetitiva, domina e ecoa pelo ambiente amplo e frio do aeroporto cheio de aco escovado, tons metalicos e iluminado por luz fluorescente branca. A sensacao de solidao aumenta a medida em que o tempo vai passando, as esteiras vao parando, uma a uma, enquanto a gravacao vai sumindo gradativamente, uma a uma, e vai sendo substituida por luzes vermelhas intemitentes em ritmo lento, uma a uma, que anunciam o inicio da movimentacao de outra esteira, imediatamente ao lado.
“Lost in Translation” traz detalhes que so poderiam ser compreendidos por quem morou um tempo nessa cidade. Sophia Coppola capta bem a essencia do conjunto formado pelo silencio, a solidao, as bizarrices e o mar de predios que se fazem presente a todo o momento. A cena em que Scarlet Johanson contempla a selva de pedra a partir de seu quarto no Hyatt de Shinjuku na mais completa solidao, silencio e melancolia traduz bem o que e viver em Toquio. Percebam que as unicas musicas do filme sao cantadas no bar do hotel e no karaoke. Muito sutil, muito Toquio. Preciso assistir ao filme de novo.

Em sua viagem a Toquio, tragam o iPod recheado. Gravem coisas alegres, musica eletronica, enfim, algo que traga a vibracao que combina com as luzes, predios e movimentos freneticos desta cidade. Isto sim combina com o cenario. Muito mais que este silencio que incomoda. A cidade ganha uma outra feicao.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sai, zica!!!

"O São Paulo já pode ser considerado campeão"
Frase de Pele "Edson Arantes do Nascimento" Nostradamus, conhecido mundialmente pelas suas profecias.

Rubinho e brasileiro e nao desiste nunca.

"Nunca estive acostumado ao fracasso, é uma situação da qual não sou íntimo" (g.n.)
Comparando a atual temporada (em que nao conquistou um ponto sequer, terminou poucas corridas e comeu poeira ate da Super Aguri) com o seu passado cheio de glorias. Mais do que um guerreiro, um grande de um mentiroso.

Confessionario

Tenho uma confissao esquisita pra fazer.

Uma das coisas que mais me deixou feliz ao mudar de casa, ha alguns meses atras, nao foi a cozinha espacosa, a cama king size, a localizacao privilegiada, o aquecimento do piso ou o bom gosto da decoracao. Foi a privada do banheiro.

Antes, estava em um apartamento minusculo. Mas o que mais me incomodava la nao era o espaco disponivel, a TV de 14 polegadas, o frigobar que fazia as vezes da geladeira ou o fogao eletrico de uma boca so. Era a privada.

Antes de me mudar, ficava com inveja das pessoas que tinham uma privada como a que eu tenho hoje. Ficava imaginando o dia em que teria uma igual em casa. Agora que eu tenho, posso dizer que estou realizado.

A privada, como visto, foi um divisor de aguas na minha vida no Japao.

Mas que raios a privada japonesa tem que a brasileira nao tem?

Pra comecar, no inverno nao preciso sentar no assento frio porque a tampa da privada tem um sensor de temperatura que mantem o assento numa temperatura agradavel ao corpo humano. E tao confortavel que da ate para dormir na privada.

Tem tambem controle de fluxo da descarga. Se e numero um, aperta-se um botao e se e numero 2, aperta-se outro. E se depois daquele churrasco surgir um numero 4 (o dobro do 2), nao ha problema, basta deixar o fluxo da descarga no maximo para mandar a obra-prima embora em uma descarga so.

Mas a descarga nao fica so nisso. A privada tem um sensor de movimento que indica se voce terminou o servico ou nao. Ao final do processo todo, se a descarga nao e acionada dentro do prazo de 5 segundos, ela e acionada automaticamente, evitando que o proximo usuario tenha uma surpresa desagradavel ao adentrar no recinto.

Calma que tem mais.

A privada ainda e dotada de um chuveirinho para passar aquela aguinha na retaguarda para dar aquela amolecida que facilita uma barbaridade na hora da limpeza. Perfeito para aqueles dias em que voce calculou mal e enforcou o neguinho no meio do caminho, hipotese em que, em condicoes normais, seriam necessarios dois rolos inteiros para nao deixar vestigios na cueca (e ainda por cima sair com o rabo assado). Mas como tecnologia pouca e bobagem, pode-se controlar a temperatura do jatinho, a sua intensidade e a sua direcao. E ainda existe a opcao de deixar o jato intermitente ou continuo.

Tudo o que estou descrevendo pode parecer muita coisa, mas nao e. E a privada padrao da classe media japonesa. Entendem agora a razao da minha alegria? A privada e o simbolo da ascensao social!!!!

Mas quanto mais voce tem, mais voce quer.

Agora quero uma privada que vi na loja outro dia. Ela tem todas as funcoes padroes e ainda um sensor que levanta e abaixa a tampa automaticamente e cujo assento e auto-limpante. Tudo controlado atraves de um controle remoto com tela de LCD sensivel a toque embutido na parede. Se ela acessar a internet, como eu imagino que acessa, nao sera mais necessario deixar revistas e jornais no banheiro para manter o hospede entretido.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sem pe nem cabeca

Se parar para pensar friamente, nao tenho raizes.

Nasci no Japao, passei parte da infancia nos Estados Unidos, passei a adolescencia em Suzano, iniciei a minha vida adulta em Sao Paulo e agora estou no Japao. Teoricamente nao seria uma decisao tao dificil assim decidir ficar por aqui ou ir para qualquer outro lugar do mundo em que a chance de voltar para casa vivo e inteiro ao final do dia seja maior que no Brasil.

Quanto mais tempo se afasta do Brasil, mais se considera a ideia de continuar assim. Assim longe dos problemas cotidianos. Problemas cotidianos que parece que nao vao acabar nunca.

Desde quando fui cumprimentado por pessoas da elite pelo fato de ter pago os prejuizos causados a uma floricultura por conta de um acidente que causei, acho que o Brasil nao tem jeito. Porque no Brasil existe uma elite que acha que a obrigacao so deve ser cumprida no momento em que houver decisao transitada em julgado. Alias, eita palavra horrorosa. Leia-se desulpa pra nego sem vegonha na cara nao ter que cumprir com a sua obrigacao espontaneamente.

Os valores que meus pais me deram sao outros. Os japoneses podem ter muitos problemas, mas pelo menos aqui a maioria e integra, cumpridora das suas obrigacoes e das suas palavras. Puta coisa escrota, racista, fascista, mas nada melhor que ter o seu proprio blog pra desfilar esses pensamentos.

E ja que sou livre pra pensar, fico pensando o que se passa na cabeca de um cidadao que nao da valor as palavras. E so cobrar um posicionamento firme de neguinho que ja vem o papo de "nao lembro de ter dado a palavra". Nao preciso de pessoas assim. Antes so que mal acompanhado.

Cada vez mais fico desconfiado de pessoas que so falam e nao agem. Olha que conheco muita gente assim, vivo (ou seria vivia?) rodeado de gente assim. Ja confiava em poucas pessoas, agora confio em muito poucas. Preciso de poucos dedos para contar as pessoas em quem confio 100%.

Putz, to viajando com o que estou escrevendo aqui. Parece que nao tem nada a ver com nada. Mas so parece. Para mim tudo tem um sentido e e o que basta.

O Diogo Mainardi, apesar de detesta-lo, tem razao em muitos pontos, o Brasil e uma bosta e com o povinho que ta la, nao vai pra frente nunca.

Enfim, pensamentos esparsos e desconexos de quem considera a ideia de de repente virar cidadao do mundo, pensar mais no proprio umbigo e levar uma vidinha tranquila longe da malandragem, do jeitinho e da guerra urbana.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Inimigo # 1 do consumismo

Apesar da ansia em adquirir bens materiais nao ser a minha principal caracteristica, e realmente dificil resistir as tentacoes do consumismo no Japao.

E o dia inteiro sendo bombardeado de novidades na TV, no trem, na rua, nas vitrines das lojas, nas conversas de corredor. Isso sem mencionar as facilidades de se obter emprestimo a juro zero nas instituicoes bancarias (juro de um, dois por cento ao ano pra mim e igual a zero).

Nessas horas agradeco por existir a figura da vendedora japonesa.

Vendedor e chato em qualquer lugar do mundo, mas aqui nao Japao a coisa piora pelo tom de voz que elas usam. E uma vozinha estridente, daquelas de crianca e que tira o tesao de qualquer pessoa que so tenha o minimo de vontade de comprar alguma coisa.

Fora a vozinha estridente e forcada, um elemento em comum a todas as vendedoras japonesas, todas elas adoram fazer caras e bocas, tambem forcadas, tentando, na cabeca delas, se fazer de simpatica.

So para ilustrar o que e uma vendedora japonesa, segue um videozinho de uma comediante japonesa cuja personagem mais famosa e justamente a vendedora japonesa. O nivel de irritacao que eu atinjo ao adentrar a um estabelecimento comercial japones dispensa legendas ou dublagem.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Dia de nao fazer porra nenhuma

Faz mais de uma semana que nao preciso dormir com o ar condicionado ligado, sinal de que os dias de calor cearense finalmente chegaram ao fim.

Hoje e feriado, dia da saude. E na verdade mais um feriado que inventaram de 5 anos para ca no Japao para que o povo possa descansar. Ate entao, feriado mesmo so tinham 2, no final de abril e comeco de maio, que era emendado e se transformava no chamado golden week. Gracas as mudancas recentes, agora tem feriado praticamente uma vez por mes, quase a mesma frequencia que no Brasil (a diferenca e que aqui nao existe o conceito feriadao e os feriados sao deslocados para a segunda-feira)

Por ser feriado, estou bundando em casa e, aproveitando que ta um dia horroroso la fora, meio friozinho e com chuva fina, dando uma atualizada no blog.

E feriado mas a Sue nao esta tendo o privilegio de ficar em casa. O curso e tao puxado que tem aulas ate no feriado. Alias o periodo de estudos da Sue comecou antes mesmo do inicio oficial das aulas, no dia 01/10. Ja desde 2 meses antes pelo menos a Sue estava mergulhada nos livros por conta do material preparatorio para as aulas que a universidade passou pra ela.

Alias essa universidade e foda. Seria hilario se nao fosse triste. Como em toda a MBA de verdade, a Sue teve que se submeter ao Gmat, que e um exame universal de ingles e matematica exigido que e fodissimo. Mas como ela e cabecuda pra cacete, acabou passando de cara. Os caras do curso, duvidando de tamanha inteligencia, tiveram a pachorra de exigir que ela fizesse a prova mais uma vez para ver se ela nao estava sacaneando. Mas depois de muita conversa, eles aceitaram o fato de que existem genios que passam de primeira e deixaram-na livre de mais essa exigencia absurda.

Pois bem, agora que o curso comecou mesmo, ele vem mostrando o porque dele ser conhecido por ser mais foda que Harvard. A Sue ja passa o dia inteiro na universidade, das 8 as 18h30, chega em casa e continua estudando ate 2 da matina. E ainda tem as aulas de sabado, os grupos de estudos e ainda as aulas no feriado. Nao a toa, a ICS Hitotsubashi Unversity (ICS de International alguma coisa Studies) e conhecida por I Can't Sleep, Hitotsubashi University. Na verdade, we can't sleep, pois tenho acompanhado a Sue todas as noites porque nao quero ir pra cama sozinho.

Nestas noites, aproveito para ler, trabalhar, fucar a net. E descobri a maravilha que e o Bit Torrent, programinha supimpa pra baixar filmes. Maneira perfeita para passar o tempo enquanto a Sue estuda e aproveitar para assistir filmes de menino que ela nao topararia assistir, coisas do tipo Transformers, Spider Man, 300 e por ai vai.

Pretendo assistir Tropa de Elite esta semana. To ou nao to atualizado em termos de filme nacional?

Falando em filme nacional, assisti ao "O Ano em que meus pais sairam de ferias" baseado exclusivamente nas criticas dos jornais e impulsionado pela possibilidade do filme concorrer a um Oscar. Achei uma merda pra falar a verdade. Mas merda por merda, e bem capaz que acabe figurando entre os concorrentes ao Premio da Academia.

sábado, 6 de outubro de 2007

Passado, presente e futuro profissional

Ja falei sobre trabalho neste blog mas nada falei da minha profissao, entao vamos la.

As operacoes nas quais estou diretamente envolvido ja seriam suficientes para estruturar integralmente um pequeno pais: aviacao comercial, petroleo, gas, transporte coletivo, mercado de capitais, alimentos, infra-estrutura, logistica, armazens, industria eletronica, minerios, industria de base, etanol, veiculos automotores, TI, fertilizantes e por ai vai.

O pior (ou melhor) e que tudo isso acontece em um pais so, justamente o Brasil.

Apesar de ja estar envolvido com as operacoes da empresa desde a epoca em que trabalhava no Brasil (como se isso fosse um passado muito remoto), so percebi o tamanho da exposicao deles por la depois que vim pra ca. Nao e exagero dizer que estou cuidando de uma parte significativa da economia brasileira.

Mas o lado mais interessante, profissionalmente falando, e que estes sete meses tem sido de muito aprendizado. Nao somente em termos de cultura de trabalho, de funcionamento da matriz de uma gigante global, de processos decisorios de investimentos de uma empresa, mas sobretudo pelo fato de estar sentindo que a area juridica ainda e muito interessante e desafiador e que ainda falta um longo, longo caminho para me transformar em um profissional completo.

Depois de quase 10 anos trabalhando com contencioso civel (apesar do fato de ter peticionado so uma ou outra peca e ter feito so uma ou outra sustentacao nos ultimos anos) e portanto ja poder dizer que advoguei uma vez na vida, acho que chegou o momento de mudar de ares, pendurar as chuteiras, deixar de ser um advogado e tornar-me um corporate lawyer e me aproximar mais do lado business de nossa life. Enfim, mudar o patamar das cifras envolvidas e reencontrar diversao no trabalho.

Sei la, e uma ideia que nasceu pouco antes de vir pra ca e que amadureceu nos ultimos tempos. E como dizem que o amadurecimento profissional vem na casa dos 30, talvez este seja o momento ideal...

domingo, 30 de setembro de 2007

Ressaca braba

Esta semana que passou fiz algo que nao fazia ha tempos: encher a cara sem do 3 dias seguidos.

Comecou na quinta, no jantar com o pessoal do escritorio, na sexta no jantar com pessoal do atual trampo e ontem, em um jantar, brasileiro, diga-se de passagem, que preparei para uns amigos aqui no ape (os elementos brasileiros foram salada de palmito, pure de mandioquinha, carne seca desfiada, feijao (2 tipos, um veggie e outro normal), arroz, farofa de banana, caipirinha e beijinho).

Por conta dos excessos do finde, hoje estou completamente debilitado, sentindo-me acefalo, com dores pelo corpo e sem vontade nenhuma de sair do sofa...sera que e porque o corpo ja nao aguenta mais tanta agressao que a casa dos 30 e chamada de idade da razao?

100!

Cem posts e sete meses ja se passaram desde que aportei em terras niponicas.

Ja passou tanto tempo que ate aniversario ja comemorei aqui, alias o primeiro desde que me conheco como gente, na terra onde nasci.

Aqui nasci mas aqui nao e a minha casa. Apesar de ja ter me habituado com o dia-a-dia do outro lado do mundo, nao achar mais estranho certas esquisitices e ter esquecido como e andar pelas ruas com medo de ser assaltado em qualquer esquina, sinto falta da minha terra, meus amigos, da vida no Brasil.

Nao teria durado tanto tempo achando tudo tao bao nao fosse a Sue. Ela e a responsavel por manter a minha sanidade e agradeco todos os dias por ela ter aceitado o desafio de cruzar oceanos para me acompanhar nesta jornada e fazer o MBA em terras niponicas.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Cenas de um domingo qualquer

Brunch

Brunch 2

Ginza line

Olhos

Karaoke

Dia feliz

Ontem foi um dia muito feliz.

Fomos a Kamakura encontrar a outra familia Makuta, a do meu irmao mais novo do meu pai.

O objetivo principal era o de apresentar a Sue ao lado japones da familia. No dia anterior, perguntei a Sue se por acaso ela estava nervosa e ela disse que estava super tranquila. O problema era que eu estava um pouco nervoso e acabei contaminando a Sue...

Mas deu tudo certo. A Sue foi recebida de bracos abertos, com sorrisos e muita festa. A admiracao foi mutua, acabou dando mais certo do que eu imaginava.

Melhor ainda porque a conversa fluiu super bem, com a Sue mandando um japones porreta! Fiquei ainda mais orgulhoso por viver com essa mulher. O japones dela esta tao bao que ela ate entrou numas de ficar trocando elogios com a minha tia!

Bem, a primeira parte da jornada rumo ao interior do Japao para apresentar formalmente a Sue a familia terminou muitissimo bem, ainda bem.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Dia triste

Comecei do dia chorando e passei o dia cabisbaixo. Um dia para ser esquecido.

Mae natureza gentil com uns, implacavel com outros

Entre um tufaozinho aqui e um terremotozinho acola, vou sobrevivendo.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Agradecer todos os dias

Nao esquecer de agradecer todos os dias pelo fato de um sujeito meio feio, meio pobre e meio esquisito como eu ter conquistado a mulher mais linda, inteligente, sexy, sensivel, fofa, carinhosa, descolada, chique e moderna do mundo.

E lembrar de oportunamente escrever o livro de auto-ajuda que ja vai nascer um classico:"Voce tambem consegue! Voce tambem pode!"

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mudando de ideia

Desencanei dessa historia de fotolog. Vou e postando por aqui mesmo que da menos trabalho.

Fotinhas do casal japa mais cool de SP (na China)

Rumo ao aerporto para voltar pra casa

Caretinhas, saindo da Opera de Pequim

Aventura na China, parte 3


Nada mais interessante do que nas viagens praticar o "people watching". Entao a terceira e ultima parte da trilogia da China vai ser dedicada as impressoes pessoais que tive ao pratica-lo na China.

La ninguem respeita farol, pedestre ou fila. Ninguem acha feio arrancar a catota em publico e todo mundo catarra em qualquer lugar e a todo o momento. Todo mundo vende e consome produto falsificado e ninguem pede autorizacao antes de mexer nas suas coisas. Ninguem entende ingles ou japones, muito menos portugues (nem em Macau). Todo mundo quer tirar mais grana possivel do estrangeiro e ninguem sabe falar em voz baixa (perai, isso e a China ou e o Brasil???).

Parece um caos? E e. Um caos total. A situacao e ainda pior porque nao e um, outro, centenas ou milhares de pessoas fazendo isso. E simplesmente um quarto da populacao mundial, ou seja, 1 bilhao de 300 milhoes de pessoas fazendo isso. E ainda ao mesmo tempo. E a todo o momento.

E tendo em vista os jogos olimpicos, o governo central chines vem fazendo um esforco tambem olimpico para aplicar um corretivo no povo, corrigindo os habitos, digamos, pouco ortodoxos aos olhos ocidentais, transformando-os em algo mais palatavel aos milhares de turistas e principalmente jornalistas que devem invadir o pais a partir do oeste, daqui a pouco menos de um ano. Mas sabe como e, e impossivel mudar uma tradicao de milhares de anos em meses e, consequentemente, todo o projeto de mostrar ao mundo que o chines em geral conhece os bons modos ocidentais vai caminhando a largos passos a um fracasso retumbante.

Mas o povo chines nao e mal. Pelo contrario. Uma vez superada a barreira da lingua e estabelecida a comunicacao, seja pela sorte de encontrar um interlocutor que fale a alguma lingua que voce entenda, seja pela sua habilidade com a mimica, as pessoas se mostram as mais solicitas, simpaticas, pacientes e gentis do mundo. E quase como o mito do bom selvagem.

Por isso, faco aqui um mea-culpa e peco desculpas a todos os chineses que se aproximaram de nos na maior boa vontade e nao foram bem recepcionados por este que vos escreve.不起!!

Aproveitando, agradeco tambem a Mary e o Lee pela casa de cha super tradicional e fechada aos estrangeiros, a aula de historia e cultura chinesas e a introducao a culinaria local.

domingo, 9 de setembro de 2007

Poeira, poeira, poeira, levantou poeira

Ontem fui a segunda edicao do Festival Brasil, que ocorreu no Parque de Yoyogi, lugar super privilegiado, perto das descoladissimas Harajuku e Omotesando.

O meu objetivo inicial era comprar ingredientes para um jantar brasileiro que pretendo fazer em breve para uns amigos no final deste mes.

Mas em meio a um monte de barracas de comidas e produtos brasileiros, o clima de Brasil me contagiou tanto que durante o show do Asa de Aguia eu me surpreendi pulando junto com a Sue e cantando bem alto "Poeira" da Ivete no meio da galera, formada em sua maioria por brasileiros, mas tambem com alguns locais e gringos pirados. Tudo bem, a saudade faz o homem fazer cada coisa...Mas juro que foi so nessa musica que eu me emploguei.

Saudades do sabado de sol, piscina, breja e churrasco com os amigos...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Pausa no momento China

Ando pensando em montar um fotoblog...Mas e a preguica?

Aventura na China, parte 2

Pequim, como todos bem sabem, sera a sede dos Jogos Olimpicos de Verao de 2008.

E a cidade se prepara com todo o gas para receber dignamente os milhares de turistas que por la devem aportar daqui a pouco menos de um ano.

Predios vao sendo contruidos em ritmo frenetico em tamanhos superlativos.

Alias, a cidade toda e um superlativo so, um exagero ate eu diria. As avenidas sao exageradamente largas, todas com 6 pistas (mas mesmo assim tem congestionamento). Os quarteiroes sao exageradamente grandes, com mais de 1 quilometro de extensao cada um (se o mapa mostra que vc tem que andar so dois quarteiros, considere pegar um taxi). A cidade e exageradamente povoada (achava que Toquio era crowdeado, mas mudei de ideia). O ar da cidade e exageradamente poluido (e so dar a primeira fungada no ar da cidade pra comecar a cocar o olho, o nariz, a pele). Em cidades de tantos superlativos, nao e de se estranhar que o mais famoso e comprido muro do mundo passe perto.Superlativo tambem sao os muros que cercam os bairros com curticos. Neguinho fica confinado atras do muro, quase que numa prisao (so nao o e porque sempre tem uma portinhola meio muquiada para nao ferir o direito de ir e vir do povo). Cingapurizacao? Bobabem.

Xangai tambem nao fica atras no requisito grandeza.

Cidade bastante povoada, porem em escala menor que Pequim, a cidade que ja tem um dos predios mais altos da Asia, o Jinmao Tower (alias onde fica o bar do Grand Hyatt, no 87 andar), tem logo a frente deste um mais alto ainda, cujo topo nao e possivel de se enxergar em dias mais nublados (vide foto abaixo) e que ainda esta em construcao (!!).Alias os predios de Xangai formam uma composicao interessante de estilos. De um lado, predios super altos, modernosos e/ou de design de um gosto um pouco duvidoso (espero que a escola chinesa de arquitetura de arranha ceus nao vire produto de exportacao tambem, para o bem da humanidade) com os dois pes no seculo XXI e outra metade em art deco construido e com os dois pes no periodo entre guerras.

E tendo estado somente cidades superlativas, so lamento mesmo que nao tive tempo de visitar o interior do pais. Alias em pais tao superlativo, seria necessario mesmo uns dois meses para conhecer tudo o que o pais tem a oferecer.

Mas esse ja e um outro projeto que temos para concretizar antes de voltarmos definitivamente ao Brasil e fechar com chave de ouro a nossa aventura na Asia.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Fotos da China



Forbidden City, Pequim


Beisi Ta, cidade de Suzhou,
nos arredores de Xangai


Pudong, Xangai, dia e noite - Projac

The Bund, Xangai.
So um rio separa o local de Pudong, mas
nem parecem estar na mesma cidade