quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Continuacao do post anterior

Ainda que os tempos sejam outros, a vida em uma empresa tradicional nao mudou muito. Pode-se dizer que as grandes corporacoes tradicionais que dominam a economia nacional como Mitsubishi, Toyota, Mitsui, Sumitomo, Matsushita e outras gigantes, sao os redutos dos ultimos representantes da especie mais tradicional de salarymen.

E nada e por acaso. Eles ainda gastam tempo em dinheiro com o processo de formacao dos Mitsubishiman, Mitsuiman e Sumitomomen. Para quem entra nestas empresas, pouco importa o que foi aprendido (ou nao) pelo recem-saido da faculdade. O que importa sao os treinamentos e a lavagem cerebral que sera aplicada ao longo do tempo – que formam um monte de gente que sabe de tudo um pouco e sem especializacao em nada.

Para os salarymen destas empresas, talvez a unica diferenca em relacao aos anos 80 e que a probabilidade de encontrar um alienigena ocupando a escrivaninha ao lado seja maior.

A crenca de que happy hours corporativos e parte do trabalho e a base do relacionamento, que por sua vez e a base dos processos decisorios por consenso que ainda vigora. Ainda continua a crenca de que nao se pode ir embora antes do gerente – ainda que nao se tenha absolutamente nada para fazer – pois a hora livre nao e sua, e da empresa. Continua tambem a ideia tambem de que para se passar as ferias, hospeda-se nos resorts controlados pela empresa, bebe-se a cerveja da companhia que faz parte do grupo, deposita-se as economias no braco financeiro da empresa e compra-se o carro fabricado por uma das empresas do grupo. Tudo que cerca o salarymen tem um carimbo da empresa, desde a caneta para fazer anotacoes ate o aviao para viajar nas ferias. Continua tambem o sistema de promocao por senioridade, que mais do que um problema, e uma solucao nos tempos incertos, pois e garantia de uma vidinha mais ou menos sempre estavel, pois ha a garantia de que o salario vai crescendo sempre proporcionalmente ao aumento dos gastos, o que permite que o mesmo padrao de vida para sempre.

Tudo isto tem um custo, mas a verdade e que as empresas japonesas sao pouco afeitas a buscar lucros. O importante e manter este sistema de protecao social, este emaranhado de participacoes societarias cruzadas, que por fim acabam ate protegendo-as de impetos aquisitorios de empresas estrangeiras. Ainda acredita-se que o socialismo pode dar certo no Japao.

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