Desde a semana passada estou com um novo chefe.
Sempre e dificil a adaptacao com um novo superior, mas dessa vez o desafio parece ser maior.
E unanimidade que o chefe antigo era mais legal e chamava mais a responsabilidade para si e deixava o trabalho fluir melhor. Alem disso, o anterior adorava a America Latina e o estilo latino-americano de trabalhar, o que ele chamava de "na base da amizade".
Nao que o atual seja uma pessoa ruim, mas talvez os nossos genios (e de todos os outros seus subordinados e tambem dos clientes internos, que ja ha tempos vinham desejando boa sorte a mim quando o troca-troca interno ainda nao havia ocorrido) talvez nao batam com o dele. O tempo ira dizer se me enganei (ou nao), mas hoje tive que sair para almocar com ele e o silencio que incomoda acabou dominando a maior parte do tempo.
O novo estilo ao qual estou subordinado, um estilo, digamos, menos centralizador, foi percebido por todos do juridico, inclusive por pessoas de outras equipes. Tambem pudera, estou ficando ate bem mais tarde que de costume.
Nao sei se e bom ou e ruim, o fato e que agora estou trabalhando como se um funcionario regular fosse, e nao como um "secondee", que e a forma como internamente sao chamados os advogados vindos de outras jurisdicoes, que costumam ter uma vidinha mais tranquila - ferias, comparada a vidinha normal em seus respectivos paises de origem.
Nao deveria estar externalizando esse tipo de coisa pois segundo a Sue isso so da margens para a internalizacao desses sentimentos e e o primeiro passo para o insucesso das relacoes interpessoais. Mas nao pude me conter, pois falar mal do chefe e o esporte predileto do trabalhador brasileiro. E o problema e que nao tenho com quem praticar aqui, pois falar mal dos outros e feio, jamais passaria pela cabeca do funcionario japonese comum fazer uma coisa dessas. Como diz a Suita-san, e so mais um aprendizado na vida de um funcionario...
Mas isso e uma coisa invejavel dos japoneses. Voce pode estar responsavel pela coisa que mais odeia na vida, mas ja que e a sua atribuicao, faca o melhor que voce consegue fazer. Sem reclamar.
Mas vamos la, vou conter a minha vontade de mandar o cara tomar no cu e falar para largar a mao de ser folgado. Tudo por uma causa maior, o de continuar a trabalhar bem para estender a minha permanencia no Japao ate pelo menos o final do curso da Sue.
E acho tambem que e hora de pensar mais seriamente em um plano B, um estagio em algum escritorio. Alias preciso lembrar de agendar um jantar com o Sergey, advogado bulgaro da filial japonesa de um escritorio americano (e viva a globalizacao) e tambem com o socio do escritorio japones ao qual o escritorio e filiado para ver se consigo melhorar um pouco o meu humor.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
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