sábado, 7 de abril de 2007
Ano que vem tem mais
A temporada de hanami em Toquio ja esta no final.
A flor de cerejeira e o simbolo do Japao (e talvez por isso mesmo), muito delicada e dura so mais ou menos duas semanas.
Ja tinha ido no domingo passado a uma "hanami party", mas so vi a parte da party mesmo.
Entao hoje resolvi ir ao Parque Ueno, onde haviam me dito que era onde dava para presenciar algumas bizarrices protagonizadas por tiozinhos bagaceiras e bebados cantando karaoke debaixo das arvores. Mas pena, nao foi desta vez que consegui conhecer esse Japao folclorico.
sexta-feira, 6 de abril de 2007
Quero um pouco de caos e calor humano (e sinceridade, se puder fazer 3 pedidos)
Organizacao e educacao em excesso as vezes irritam.
Hoje fui a um jogo de beisebol assistir ao jogo do Giants contra o Hanshin Tigers no Tokyo Dome, o primeiro estadio coberto do Japao. Um classico, algo como um Corinthians e Palmeiras no Pacaembu. Mais uma vez, o paralelo e perfeito, pois sao 2 (ou seriam 4?) times pregos que so tem historia, pro desespero dos respectivos torcedores.
Enfim, imaginei que pelo menos em jogo de beisebol as pessoas se descabelassem um pouco.
Decepcao total. Todo mundo sentadinho e batendo palmas mais uma vez.
Major League e muito mais legal. Pra comecar, americano sabe dar espetaculo. E os caras piram (bem) mais durante o jogo. E outra, jogo de americano e porrada na bola toda hora, mais correria.
Mas ainda que tivesse faltado entusiasmo na torcida ou forca bruta em campo, pelo menos vi um jogo entre profissionais. E isso nao tem preco.
E nao tem mesmo. Fui de graca (ganhei num sorteio do juridico), num dos melhores lugares do estadio (melhor que isso so nos camarotes mesmo).
Mas o que me chamou bastante a atencao nao foi o estadio, a torcida ou as jogadas bonitas (tiveram algumas que realmente fiquei de queixo caido). O que me chamou a atencao mesmo foram as vendedoras de cerveja.
Aqui nao e como no Brasil em que todo mundo anda uniformizado (quer dizer, e so no Brasil que se anda uniformizado). Cada um se veste da forma que quer e ninguem fala nada, alias o que eu acho otimo. Mas o problema e que a roupa e uma valvula de escape e nao uma forma de expressao (alias, e uma forma de expressao, mas num sentido de protesto contra a pressao diaria que mata o individuo). A embalagem e divertida, mas o conteudo voce nao gostaria de levar.
E tem outras que sao morbidas. Roubar calcinha de varal e um exemplo (se for de ocidental, melhor, pois sao menores; de brasileira, entao, nem se fala). Ficar aproveitando a lotacao dos trens para ficar bolinando as mulheres e outra. Pedofilia e outra (ou voce acha que colegiais serem simbolos sexuais e normal e socialmente aceitavel?). Beber ate quase perder a consciencia e outra.
Mas voltando as meninas das cervejas. Elas desciam as arquibancadas, ficavam no ponto mais baixo, baixavam a cabeca para o povo e so entao comecavam a vender, subindo as arquibancadas. Isso o jogo inteiro, que durou mais ou menos 3 horas.
Hoje fui a um jogo de beisebol assistir ao jogo do Giants contra o Hanshin Tigers no Tokyo Dome, o primeiro estadio coberto do Japao. Um classico, algo como um Corinthians e Palmeiras no Pacaembu. Mais uma vez, o paralelo e perfeito, pois sao 2 (ou seriam 4?) times pregos que so tem historia, pro desespero dos respectivos torcedores.
Enfim, imaginei que pelo menos em jogo de beisebol as pessoas se descabelassem um pouco.
Decepcao total. Todo mundo sentadinho e batendo palmas mais uma vez.
Major League e muito mais legal. Pra comecar, americano sabe dar espetaculo. E os caras piram (bem) mais durante o jogo. E outra, jogo de americano e porrada na bola toda hora, mais correria.
Mas ainda que tivesse faltado entusiasmo na torcida ou forca bruta em campo, pelo menos vi um jogo entre profissionais. E isso nao tem preco.
E nao tem mesmo. Fui de graca (ganhei num sorteio do juridico), num dos melhores lugares do estadio (melhor que isso so nos camarotes mesmo).
Mas o que me chamou bastante a atencao nao foi o estadio, a torcida ou as jogadas bonitas (tiveram algumas que realmente fiquei de queixo caido). O que me chamou a atencao mesmo foram as vendedoras de cerveja.
Nao pela beleza delas, obviamente. Estou com a japa mais linda do mundo e nao tenho porque olhar pra outras. E, mais uma vez, a "educacao" do povo.
Coloquei educacao entre aspas de proposito.
A educacao aqui e cultural. Uma cultura que nao permite que voce desenvolva a sua individualidade. Uma cultura em que e muito mais valoroso mostrar senso coletivo e deixar a individualidade de lado. Pode parecer lindo, mas sinceramente acho triste.
Quando japones resolve desenvolver a individualidade, e de uma forma torta e exagerada.
Tem as formas divertidas. As roupas, por exemplo.
Coloquei educacao entre aspas de proposito.
A educacao aqui e cultural. Uma cultura que nao permite que voce desenvolva a sua individualidade. Uma cultura em que e muito mais valoroso mostrar senso coletivo e deixar a individualidade de lado. Pode parecer lindo, mas sinceramente acho triste.
Quando japones resolve desenvolver a individualidade, e de uma forma torta e exagerada.
Tem as formas divertidas. As roupas, por exemplo.
Aqui nao e como no Brasil em que todo mundo anda uniformizado (quer dizer, e so no Brasil que se anda uniformizado). Cada um se veste da forma que quer e ninguem fala nada, alias o que eu acho otimo. Mas o problema e que a roupa e uma valvula de escape e nao uma forma de expressao (alias, e uma forma de expressao, mas num sentido de protesto contra a pressao diaria que mata o individuo). A embalagem e divertida, mas o conteudo voce nao gostaria de levar.
E tem outras que sao morbidas. Roubar calcinha de varal e um exemplo (se for de ocidental, melhor, pois sao menores; de brasileira, entao, nem se fala). Ficar aproveitando a lotacao dos trens para ficar bolinando as mulheres e outra. Pedofilia e outra (ou voce acha que colegiais serem simbolos sexuais e normal e socialmente aceitavel?). Beber ate quase perder a consciencia e outra.
Mas voltando as meninas das cervejas. Elas desciam as arquibancadas, ficavam no ponto mais baixo, baixavam a cabeca para o povo e so entao comecavam a vender, subindo as arquibancadas. Isso o jogo inteiro, que durou mais ou menos 3 horas.
Chegava uma hora que voce percebia um certo desconforto, que elas estavam de saco cheio daquilo, mas mesmo assim elas nao expressavam isso. Pelo contrario. Sofriam caladas, porem sorridentes (ainda que o sorriso fosse completamente vazio de sentido). Continuavam a baixar a cabeca na frente de todo mundo, agradecendo a presenca de todos e a preferencia, etc. e tal. Tudo muito treinadinho. Todo mundo cordeirinho.
E o Japao e isso. E todo mundo fingindo a toda a hora que esta feliz em te agradar. E parecer ser educado. E a cultura da frieza. E a cultura do "tanin ni meiwaku wo kakenai" (meio intraduzivel, na verdade, mas algo como nao provocar desconforto a outrem). E a cultura da ausencia da negacao ao pedido alheio, da exaltacao do coletivo e morte do individuo.
Sempre disse que japones e dissimulado e nao retiro o que disse.
E tambem agradeco todos os dias a decisao dos meus pais de criarem os filhos no Brasil. Agora que sinto toda a atmosfera do Japao na pele, compreendo de verdade, mas de verdade mesmo quando meu pai disse que nao queria os filhos absorvidos por esse ambiente.
E o Japao e isso. E todo mundo fingindo a toda a hora que esta feliz em te agradar. E parecer ser educado. E a cultura da frieza. E a cultura do "tanin ni meiwaku wo kakenai" (meio intraduzivel, na verdade, mas algo como nao provocar desconforto a outrem). E a cultura da ausencia da negacao ao pedido alheio, da exaltacao do coletivo e morte do individuo.
Sempre disse que japones e dissimulado e nao retiro o que disse.
E tambem agradeco todos os dias a decisao dos meus pais de criarem os filhos no Brasil. Agora que sinto toda a atmosfera do Japao na pele, compreendo de verdade, mas de verdade mesmo quando meu pai disse que nao queria os filhos absorvidos por esse ambiente.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
Resposta
Como so meu irmao postou dizendo que tentou achar o real siginificado das palavras mencionadas no post "Aulas de japones", la vai a resposta.
"Sekuhara " e "sexual harassment".
"Rikidame" e "liquidated damages".
Cristal clear!?
"Sekuhara " e "sexual harassment".
"Rikidame" e "liquidated damages".
Cristal clear!?
terça-feira, 3 de abril de 2007
Globalization
Hoje rolou um evento de boas-vindas aos novos colaboradores do juridico e tive a prova definitiva de que o povo japones leva muito a serio as coisas. Leva muito a serio o trabalho e leva muito a serio a bebida.
E rolou bebidas e comida a rodo.
E o povo encheu a cara sem do.
E impressionante como eles levam a serio as coisas que fazem. Se e pra trabalhar, vamos la, vamos trabalhar pra valer. Se e pra beber, vamos beber que nem gente grande.
Durante o evento, presenciei o povo bebado, o diretor juridico interagindo com a rale, pessoas fazendo discursos engracadinhos (confesso que nao entendi metade das piadas...preciso melhorar meu japones), novatos fazendo imitacoes dos chefes. Coisa inimaginavel em CNTP.
Apos os calouros, tive que fazer um discursinho na frente do povo. Nao so eu, mas todos os ditos "secondees".
Nao sei porque raios fui o primeiro a fazer o discursinho de agradecimento, talvez porque tenha saido muito com a chefia e porque estava vacilando demais.
Entao foi primeiro um discurso de um japones que passou parte da infancia nos EUA e foi criado no Brasil (propositadamente fiz um discurso metade em japones e metade em ingles; foi engracado ouvir os "ooohhhhh"s do pessoal - e esses "ooohhhh"s e um caso a parte, conto outro dia), depois o de um indiano nascido em Hong Kong, criado no Canada e que trabalha num escritorio em Boston, depois uma londrina que trabalhou em Hong Kong e agora esta em Toquio, seguido por um australiano que trabalha em Nova Iorque. Isso sem contar os irlandeses que fugiram da raia, fingindo que iam embora quando viram que a coisa ia pegar.
Pra fechar o dia, fui jantar em um restaurante bielo-russo com um socio russo da filial japonesa de um escritorio americano.
E globalizacao demais pra cabeca.
Enfim, freak show e globalizacao total.
E rolou bebidas e comida a rodo.
E o povo encheu a cara sem do.
E impressionante como eles levam a serio as coisas que fazem. Se e pra trabalhar, vamos la, vamos trabalhar pra valer. Se e pra beber, vamos beber que nem gente grande.
Durante o evento, presenciei o povo bebado, o diretor juridico interagindo com a rale, pessoas fazendo discursos engracadinhos (confesso que nao entendi metade das piadas...preciso melhorar meu japones), novatos fazendo imitacoes dos chefes. Coisa inimaginavel em CNTP.
Apos os calouros, tive que fazer um discursinho na frente do povo. Nao so eu, mas todos os ditos "secondees".
Nao sei porque raios fui o primeiro a fazer o discursinho de agradecimento, talvez porque tenha saido muito com a chefia e porque estava vacilando demais.
Entao foi primeiro um discurso de um japones que passou parte da infancia nos EUA e foi criado no Brasil (propositadamente fiz um discurso metade em japones e metade em ingles; foi engracado ouvir os "ooohhhhh"s do pessoal - e esses "ooohhhh"s e um caso a parte, conto outro dia), depois o de um indiano nascido em Hong Kong, criado no Canada e que trabalha num escritorio em Boston, depois uma londrina que trabalhou em Hong Kong e agora esta em Toquio, seguido por um australiano que trabalha em Nova Iorque. Isso sem contar os irlandeses que fugiram da raia, fingindo que iam embora quando viram que a coisa ia pegar.
Pra fechar o dia, fui jantar em um restaurante bielo-russo com um socio russo da filial japonesa de um escritorio americano.
E globalizacao demais pra cabeca.
Enfim, freak show e globalizacao total.
segunda-feira, 2 de abril de 2007
Star trek
Queria muito me teletransportar ao Brasil para poder comemorar o aniverisario da Sue. Nao bastasse estar longe dela todos os dias, estou ausente hoje tambem...Quero te encontrar logo.
Calouro, calouro, onde e que ja se viu!?
Abril e quando comeca um monte de coisa no Japao. Comeca o ano fiscal, comeca o ano letivo, comeca a primavera...E em abril e quando os recem-formados ingressam nas empresas japonesas.
Como nao ha essa historia de estagiario nas empresas, ao se formarem na faculdade, eles prestam provas para ingressar nas corporacoes japonesas e aqueles aprovados iniciam as suas atividades no primeiro dia util do mes de abril.
Ja disse em uma postagem passada que o chefe e chefe pra sempre. Assim como o novato vai ser novato pra sempre. Ate surgir um novato no ano que vem. Mas ele ainda continuara sendo novato dos "sempais" (numa traducao beeem marromenos, algo como "o que chegou antes"). E assim a vida continua
Como nao ha essa historia de estagiario nas empresas, ao se formarem na faculdade, eles prestam provas para ingressar nas corporacoes japonesas e aqueles aprovados iniciam as suas atividades no primeiro dia util do mes de abril.
Ja disse em uma postagem passada que o chefe e chefe pra sempre. Assim como o novato vai ser novato pra sempre. Ate surgir um novato no ano que vem. Mas ele ainda continuara sendo novato dos "sempais" (numa traducao beeem marromenos, algo como "o que chegou antes"). E assim a vida continua
O paralelo com o calouro e perfeito (pucanos, desculpem o linguajar saofranciscano, mas desculpem, SanFran e SanFran e PUC e PUC pra sempre). Calouro que e calouro e calouro ate morrer. Entao, o novato vai ser novato ate morrer tambem. Especialmente nas empresas japonesas tradicionais, em que a hierarquia e realmente forte (so quem viu pra saber o que e respeito, ou melhor, veneracao dos superiores).
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