Depois de fazer a rota mais lusitana possivel para chegar a terra do sol nascente, descobri que a Alitalia fez o favor de perder a minha mala em Milao, onde havia feito uma conexao em que teria que esperar 6 horas pelo meu voo pra Toquio. Aproveitei este tempo todo pra dar um pulo ao centro da cidade, conhecer o Duomo, o Scala e arredores a pe e dar uma sapeada pelas virtines.
Tendo so uma muda de roupa que estava em uma das malas que chegaram comigo, na manha seguinte tive que sair as compras em Toquio porque nao poderia correr o risco de ficar sem camisa social, meias e sapato, uma vez que o meu problema seria resolvido, segundo a companhia aerea, somente dentro das proximas 72 horas.
Toquio mudou pouco nestes ultimos 10 anos. Aquela paisagem blade runner que costumamos ter do Japao limita-se ainda a alguns bairros de Toquio. O bairro onde moro, apesar de separado somente a menos de 10 minutos do trampo e dos bairros blade runners, eh relativamente calma, com muitas ruelas estreitas e sem calcada onde so passa um carro por vez. Casas, alguns predios de apartamentos e comercio no esquema bem bairro mesmo, vendendo coisas para o dia-a-dia, gente andando de bicicleta pra la e pra ca...
Pois voltemos a Toquio e seus bairros blade runners... Era uma quarta-feira, dia normal de trabalho, com muito movimento. Caraca, quanto japa. Ainda que haja uma producao, uma preocupacao com o fashion, ainda assim ve-se que japones realmente e (quase) tudo igual. Mulheres de cabelos pintados e bastante maquiadas, japoneses ou com o cabelo espetado ou desarrumado... pouca variacao entre si, ainda que o standard em termos fashion seja bastante alto. A preocupacao com a moda eh algo que ainda chama muito a atencao por aqui. E isso eu pessoalmente acho interessante, pois fica visualmente mais divertido e mais bonito (chega de ver nego em maltrapilhos como no centro de Sampa!).
Disse pouco acima que a cidade mudou pouco. E realmente mudou pouco. A unica grande diferenca que senti em relacao ao Japao de 10 anos atras, que era o que eu conhecia, eh que a restricao ao fumo e repressao aos fumantes aumentou consideravelmente. Achava que o Japao e alguns paises da Europa seriam um dos poucos lugares do mundo que menos sofreriam com a politica anti-tabagista e politicamente correta que assola o mundo, mas me enganei. A repressao ao fumo anda tao intensa que o numero de fumantes diminuiu drasticamente: se antes eu achava que mais da metade da populacao japonesa fumava, agora os poucos fumantes ficam confinados em algum canto, verdadeiras areas de fumantes localizadas em plena rua. Sim, em muitos bairros mesmo na rua nao eh permitido o fumo, com excecao de locais pre-determinados (onde existem totens informativos sobre o mal que o cigarro causa ao fumante e, principalmente, aos nao-fumantes e criancas, cheios de graficos e estatisticas; na foto, uma "smoking area" em frente ao Hichiko, estatua de um cachorro - tem uma historia sobre ele, mas deixa pra la - na estacao de Shibuya). Acho que vou acabar parando de fumar de vez, tendo em vista a dificuldade para fumar onde bem se entende. Mesmo no predio onde trabalho, existe somente uma salinha minuscula para fumar. Vc olha a cena pela janelinha do corredor e acaba achando que fumo eh sinonimo de fracasso. Eh um verdadeiro ostracismo. Depre!!!!
O trabalho esta sendo melhor do que o esperado. Confesso que estava bastante nervoso na vespera, a Sue teve que ficar me acalmando pelo telefone, pois estava com um puta cagaco sobre o que me esperava pela frente. Estava com medo de que meu japones nao fosse bom o suficiente para ser usado no ambiente de trabalho (japones eh uma lingua foda, quem conhece sabe, pois existem n diferntes niveis de linguagem que transforma, por exemplo, a linguagem do dia-a-dia numa lingua completamente diferente daquela usada em ambiente corporativo), que a etiqueta corporativa fosse muito diferente, etc. e tal. Mas ainda bem que nao foi tao ruim assim.
Foi como andar de bicicleta depois de muito tempo. Mergulhado num mundo onde todo mundo so fala japones, em poucas horas desenferrujei e parecia que eu so falei japones a minha vida inteira. A coisa fluiu tao bem que um de meus chefes ate me elogiou dizendo ate que estou falando de forma mais correta que muito japones. Neste momento realmente vi que a tarefa nao sera tao dificil assim, pois pelo menos a fase de adaptacao conseguiria superar facilmente.
A adaptacao ao mundo corporativo, tirando a questao da lingua, realmente eh minima. Mundo corporativo eh um um mundo globalizado e se voce esta ambientado e acostumado com este mundo no Brasil, em qualquer lugar do planeta voce consegue se virar. Pelo menos eh a constatacao apos cruzar o planeta. Sim, existem diferencas e nuances culturais que modificam um pouco as coisas, mas a essencia eh a mesma em qualquer canto, entao a adaptacao eh realmente rapida, basta se acostumar com algumas coisas que vez ou outra voce pode achar um pouco over.
A empresa onde trabalho e muito foda. O seu predio e gigante, tem mais de 5000 pessoas trabalhando aqui, uma verdadeira cidade. E isso porque e so um dos predios deles em Toquio. Tem mais alguns outros, proximos (o predio em que estou eh o principal e esta ao lado do palacio imperial, da pra dar uma espiada no quintal deles), mas sao predios secundarios, ainda que igualmente grandes. Realmente eh impressionante a grandeza desta empresa, empresa com historia para contar (tanto que existe ate um museu sobre eles), um zaibatsu, um dos grandes conglomerados de empresas que foram reponsaveis por uma grande parcela pelo que o Japao e o que e hoje.
E o meu ape, aquele de 24 m2? Nao eh tao ruim assim, pra falar a verdade. O quarto/sala/sala de jantar e pequeno, sim, mas para quem so fica em casa pouco tempo, da para se acostumar facilmente. O unico porem eh que a cozinha (ou tentativa de ser) resume-se a uma pia pequena, a um frigobar, poucas prateleiras e um fogao de uma boca no meio do corredor. Realmente broxante para alguem que gosta de cozinhar. Terei que esperar um pouco ate voltar a botar verdadeiramente a mao na massa e ficar feliz so em comprar alguns livros de receitas.
Mas ap minusculo tem pelo menos uma vantagem: e facil de limpar e em se tratando de um lugar em que faxineira eh um luxo para pouquissimos, isso e um ponto positivissimo.
Bem, hj e sabado e vou dar uma volta pela cidade. O dia ja comecou com uma noticia boa, a de que a companhia area acabou de deixar a minha mala na portaria. Agora pretendo voltar pra casa com um Playstation 3 ou um Wii; tendo em vista que nao quero ficar gastando grana com bobagens e nao posso cozinhar (ou melhor, nao da vontade) para fazer o tempo passar, vou investir em outro ramo do entretenimento.
Tendo so uma muda de roupa que estava em uma das malas que chegaram comigo, na manha seguinte tive que sair as compras em Toquio porque nao poderia correr o risco de ficar sem camisa social, meias e sapato, uma vez que o meu problema seria resolvido, segundo a companhia aerea, somente dentro das proximas 72 horas.
Toquio mudou pouco nestes ultimos 10 anos. Aquela paisagem blade runner que costumamos ter do Japao limita-se ainda a alguns bairros de Toquio. O bairro onde moro, apesar de separado somente a menos de 10 minutos do trampo e dos bairros blade runners, eh relativamente calma, com muitas ruelas estreitas e sem calcada onde so passa um carro por vez. Casas, alguns predios de apartamentos e comercio no esquema bem bairro mesmo, vendendo coisas para o dia-a-dia, gente andando de bicicleta pra la e pra ca...
Pois voltemos a Toquio e seus bairros blade runners... Era uma quarta-feira, dia normal de trabalho, com muito movimento. Caraca, quanto japa. Ainda que haja uma producao, uma preocupacao com o fashion, ainda assim ve-se que japones realmente e (quase) tudo igual. Mulheres de cabelos pintados e bastante maquiadas, japoneses ou com o cabelo espetado ou desarrumado... pouca variacao entre si, ainda que o standard em termos fashion seja bastante alto. A preocupacao com a moda eh algo que ainda chama muito a atencao por aqui. E isso eu pessoalmente acho interessante, pois fica visualmente mais divertido e mais bonito (chega de ver nego em maltrapilhos como no centro de Sampa!).
Disse pouco acima que a cidade mudou pouco. E realmente mudou pouco. A unica grande diferenca que senti em relacao ao Japao de 10 anos atras, que era o que eu conhecia, eh que a restricao ao fumo e repressao aos fumantes aumentou consideravelmente. Achava que o Japao e alguns paises da Europa seriam um dos poucos lugares do mundo que menos sofreriam com a politica anti-tabagista e politicamente correta que assola o mundo, mas me enganei. A repressao ao fumo anda tao intensa que o numero de fumantes diminuiu drasticamente: se antes eu achava que mais da metade da populacao japonesa fumava, agora os poucos fumantes ficam confinados em algum canto, verdadeiras areas de fumantes localizadas em plena rua. Sim, em muitos bairros mesmo na rua nao eh permitido o fumo, com excecao de locais pre-determinados (onde existem totens informativos sobre o mal que o cigarro causa ao fumante e, principalmente, aos nao-fumantes e criancas, cheios de graficos e estatisticas; na foto, uma "smoking area" em frente ao Hichiko, estatua de um cachorro - tem uma historia sobre ele, mas deixa pra la - na estacao de Shibuya). Acho que vou acabar parando de fumar de vez, tendo em vista a dificuldade para fumar onde bem se entende. Mesmo no predio onde trabalho, existe somente uma salinha minuscula para fumar. Vc olha a cena pela janelinha do corredor e acaba achando que fumo eh sinonimo de fracasso. Eh um verdadeiro ostracismo. Depre!!!!
O trabalho esta sendo melhor do que o esperado. Confesso que estava bastante nervoso na vespera, a Sue teve que ficar me acalmando pelo telefone, pois estava com um puta cagaco sobre o que me esperava pela frente. Estava com medo de que meu japones nao fosse bom o suficiente para ser usado no ambiente de trabalho (japones eh uma lingua foda, quem conhece sabe, pois existem n diferntes niveis de linguagem que transforma, por exemplo, a linguagem do dia-a-dia numa lingua completamente diferente daquela usada em ambiente corporativo), que a etiqueta corporativa fosse muito diferente, etc. e tal. Mas ainda bem que nao foi tao ruim assim.
Foi como andar de bicicleta depois de muito tempo. Mergulhado num mundo onde todo mundo so fala japones, em poucas horas desenferrujei e parecia que eu so falei japones a minha vida inteira. A coisa fluiu tao bem que um de meus chefes ate me elogiou dizendo ate que estou falando de forma mais correta que muito japones. Neste momento realmente vi que a tarefa nao sera tao dificil assim, pois pelo menos a fase de adaptacao conseguiria superar facilmente.
A adaptacao ao mundo corporativo, tirando a questao da lingua, realmente eh minima. Mundo corporativo eh um um mundo globalizado e se voce esta ambientado e acostumado com este mundo no Brasil, em qualquer lugar do planeta voce consegue se virar. Pelo menos eh a constatacao apos cruzar o planeta. Sim, existem diferencas e nuances culturais que modificam um pouco as coisas, mas a essencia eh a mesma em qualquer canto, entao a adaptacao eh realmente rapida, basta se acostumar com algumas coisas que vez ou outra voce pode achar um pouco over.
A empresa onde trabalho e muito foda. O seu predio e gigante, tem mais de 5000 pessoas trabalhando aqui, uma verdadeira cidade. E isso porque e so um dos predios deles em Toquio. Tem mais alguns outros, proximos (o predio em que estou eh o principal e esta ao lado do palacio imperial, da pra dar uma espiada no quintal deles), mas sao predios secundarios, ainda que igualmente grandes. Realmente eh impressionante a grandeza desta empresa, empresa com historia para contar (tanto que existe ate um museu sobre eles), um zaibatsu, um dos grandes conglomerados de empresas que foram reponsaveis por uma grande parcela pelo que o Japao e o que e hoje.
E o meu ape, aquele de 24 m2? Nao eh tao ruim assim, pra falar a verdade. O quarto/sala/sala de jantar e pequeno, sim, mas para quem so fica em casa pouco tempo, da para se acostumar facilmente. O unico porem eh que a cozinha (ou tentativa de ser) resume-se a uma pia pequena, a um frigobar, poucas prateleiras e um fogao de uma boca no meio do corredor. Realmente broxante para alguem que gosta de cozinhar. Terei que esperar um pouco ate voltar a botar verdadeiramente a mao na massa e ficar feliz so em comprar alguns livros de receitas.
Mas ap minusculo tem pelo menos uma vantagem: e facil de limpar e em se tratando de um lugar em que faxineira eh um luxo para pouquissimos, isso e um ponto positivissimo.
Bem, hj e sabado e vou dar uma volta pela cidade. O dia ja comecou com uma noticia boa, a de que a companhia area acabou de deixar a minha mala na portaria. Agora pretendo voltar pra casa com um Playstation 3 ou um Wii; tendo em vista que nao quero ficar gastando grana com bobagens e nao posso cozinhar (ou melhor, nao da vontade) para fazer o tempo passar, vou investir em outro ramo do entretenimento.