sábado, 19 de janeiro de 2008

Contra o Brasil

Nestes momentos de expatriado as coisas erradas de sua patria comecam a ficar ainda mais erradas e as coisas certas ainda mais certas, as coisas belas, mais belas, e as feias, ainda mais feias. Em outras palavras, vive-se em constante contradicao, com as saudades das coisas simples que nao encontramos no dia-a-dia no estrangeiro convivendo lado a lado com um certo prazer morbido de ficar cuspindo no proprio prato em que comeu e ficar rogando praga contra a propria nacao.

E foi mais ou menos neste clima que resolvi comecar a ler "Contra o Brasil", um livro escrito no final dos anos 90 pelo Diogo Mainardi, aquele mesmo da Veja.

O livro resume-se a uma compilacao de impropriedades e juizos depreciativos contra o Brasil que teriam sido proferidos por estrangeiros ilustres como Levi-Strauss, Albert Camus, Theodore Roosevelt, Charles Darwin, dentre outros, e tambem por outros alienigenas obscuros em suas respectivas passagens pelo pais, que sao vomitados desaforadamente pelo personagem Pimenta Bueno, um Policarpo Quaresma as avessas.

"O analfabetismo cromatico dos nossos antepassados indigenas repercutiu negativamente nas artes plasticas do Brasil, tanto que geramos os piores pintores da historia universal, como notou a educadora alema Ina von Binzer"

"O Brasil e um pais em que as melhores ideias prostram-se diante dos mais primarios instintos."

"Em quinhentos anos de historia, os indios sempre foram ludibriados no comercio com os brancos. Essa incapacidade neolitica de compreender o real valor das mercadorias se arraigou na nossa cultura e acabou distorcendo de maneira irreparavel a economia do pais, que se fundou a partir de um mercado artificial de otarios."

"A cretinice geografica e uma constante na nossa historia. E siginificativo que um pais tenha sido descoberto por puro acaso, enquanto os portugueses buscavam o caminho para a India. O Brasil e um fruto de erro de calculo."

A leitura nao foi aborrecida. Foi decepcionante. Tem algumas passagens engracadas, mas no geral achei bem chato.

Chato nao porque a obra tem o objetivo de avacalhar o pais, mas justamente pela forma como a avacalhacao foi feita. A coluna semanal do Diogo, que lia por diversao (ainda que desgoste do ar superior de sua propria pessoa), e mais provocativa e debochada do que o livro.

Mas talvez a chatice nao seja culpa do autor. A razao pode estar na proporcao continental do esculacho em si, que acaba transformando o trabalho de qualquer pessoa para rebaixar o pais, por maior que seja, em vao.

Nao e preciso gastar dinheiro comprando o livro. Da pra ler tudo em uma tarde a toa na mega store mais proxima de voce. E quem nao gosta do cara nao tem do que reclamar pois nao estara dando dinheiro a ele.

Nenhum comentário: