A pequena burguesia paulistana nao sabe o que e comer direito.
Uma prova e essa odiosa febre de “restaurantes japoneses” (assim, com aspas mesmo). A cada nova casa, uma agressao contra o mais famoso dos representantes da culinaria japonesa.
E hediondo o que as pessoas conseguem fazer com um prato tao delicado. A apresentacao e sempre grotesca, os ingredientes sao um equivoco, as tecnicas sao inexistentes.
As razoes para o fracasso brasileiro sao evidentes.
Para comecar, algo minimamente aceitavel requer os peixes, os caranguejos e os moluscos certos, que muitas vezes nao sao encontrados facilmente em outras regioes no planeta (pelo menos nao nas condicoes ideias de preparo). Significa, logo de cara, que o verdadeiro sushi enquanto estado da arte so pode ser encontrado no Japao.
Mas como a adaptacao de ingredientes e (quase) sempre possivel, restaria torcer para ter um artista atras do balcao, tarefa virtualmente impossivel em Sao Paulo, dominado por gente com menos de 40 anos. O sushiman, para ser considerado e respeitado como tal, tem que ter passado por mais duas dezenas de anos de intenso treinamento, boa parte deles para aprender a preparar arroz, tao ou mais importante que o peixe.
“Restaurante japones” em Sao Paulo e so suor, nada de tecnica e risivel no aspecto comida.
E quem fala que “comida japonesa” e a sua predileta depois de comer gororoba frita preenchida de maionese e obtuso e tem mal gosto. Merece tomar tapa na orelha e nao merece meu respeito enquanto apreciador da arte de comer bem.
Nao e so o samba que encontra o seu cemiterio em Sao Paulo. O sushi jaz la tambem.
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