
domingo, 2 de setembro de 2007
De volta ao lar
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
O verao, ah o verao
O primeiro festival foi realmente um aprendizado. No caminho notamos o quanto eramos mirins nesta historia. Enquanto levamos so a carteira, o celular e a esteirinha, todo o mundo tinha levado a despensa da casa para fazer farofa. E dentre os pros, existem os mais pros ainda, aqueles que levam a sala de jantar inteira. Juro, vimos um casal com um conjunto de mesa, cadeira, toalha de mesa, vasinho com flor, tapetinho e tudo no meio do terreno baldio onde foi realizado o espetaculo.
E nao e para menos toda esta preparacao. Tive que esperar mais de uma hora na fila para conseguir comprar uns bolinhos de lula. Mas o bom e que e todo mundo muito educado, nao ha briga, desorganizacao ou malandro querendo furar a fila.
Mas o mais interessante sao os codigos de vestuario. Foi-me dito por um colega de firma que se a mulher com quem voce esta tendo um casinho chama-lo para ir a um festival de fogos de artificio, e porque o casinho e mais serio. Agora, se ela nao so chama-lo para ir ao festival, mas for de yukata, vamos assim chamar de um kimono modelo verao, ao local, e porque a coisa ficou preta e a mulher quer casar contigo.
Verdade ou nao a teoria, o fato e que quase todo mundo estava de yukata. Sentimo-nos um pouco peixes fora d’agua, mas ainda assim o espetaculo foi interessante.
Para quem esta acostumado a lidar com nanotecnologia de ponta deve ser piada fazer fogos de artificio. Vi coisas nunca dantes vistas. Imaginem voces que o troco sobe, explode e da explosao resulta a cara do Mickey, Doraemon, Smiley Face, dentre outros personagens. Isso sem falar nas cachoeiras, explosoes coordenadas que pareciam mais coreografia do que fogos de artificio. Impressionante.
Enfim, daqui a alguns festivais, quando estivermos bem pro, pretendemos levar a sala de estar pra podermos assistir aos fogos deitados. Ambos de yukata, obvio.
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Justica seja feita
Ouvi dizer que o termo “pontualidade britanica” deve-se ao Big Ben instalado no predio do Parlamento e ao fato dele estar localizado em Londres, onde passa o meridiano de Greenwich. A origem do termo, portanto, e cheio de simbologia, beira a fantasia e nao corresponde aos fatos, pois mesmo os britanicos nao sao tao pontuais assim. Ora, se a intencao do termo e representar precisao e pontualidade, a inspiracao deveriam ser os japoneses.
Aqui os minutos sao importantes, quica os segundos. O trem chega as 8h11 - e nunca as 8h10 ou 8h12 - e gasta 3 minutos contados no relogio para chegar a proxima estacao, exatamente como esta indicado nos mapas localizados nas plataformas, de onde voce demora exatamente 3 minutos para chegar a exposicao do Modigliani, na forma indicada no folheto do museu; o restaurante abre as 11-zero-zero, como anunciado na porta; a academia encerra as suas atividades as 23h00, portanto 22h30 e o limite para voce encerrar as suas atividades fisicas para que os funcionarios possam fazer a limpeza dos equipamentos e fechar a academia no horario determinado; as reunioes comecam as 17h15, nao mais ou menos as 17h ou entre 17h e 17h30; as 8h45 e 30 segundos voce pode ir ao trabalho porque a mesa que a loja prometeu que seria entregue ate as 8h45 ja esta devidamente instalada na sua sala de jantar.
E se eventualmente voce estiver perdido pelas ruas japonesas, pedir informacoes na rua e o interlocutor perguntar se voce esta de carro ou nao, pode ter certeza que a ideia dele nao e saber se a rua da mao ou nao. Outro dia a Sue pediu informacoes sobre como chegar a um determinado lugar e o cidadao se prontificou a desenhar um mapa, quase que com escalas, apontando o caminho mais facil e – claro - a indicacao dos minutos gastos em cada trecho: 2 minutos do ponto A ate B, mais 3 minutos do ponto B a C, de onde voce alcanca, explicava o mapa, o destino final em menos de 1 minuto (e ja que estamos tratando de precisao dos termos utilizados, acho que a “precisao suica” tambem merece uma revisao urgente para evitar injusticas...).
Para voce ser preciso e nao perder a reuniao, o trem ou o jantar, so mesmo tendo um relogio atomico de pulso. Ou simplesmente se programar para chegar ao local uns 6 minutos antes da hora determinada (e o que basta, partindo do pressuposto de que a margem de erro dos relogios mundias e de ate 5 minutos para mais ou para menos).
Outro dia em uma aula de conversacao em portugues (sim, tenho dado aulas para os meus colegas de firma) estava ensinando os meus alunos a dizerem as horas e disse a titulo exemplificativo que “o restaurante abre mais ou menos as 18 horas”. “Como isso e possivel?”; “Como e que voces se programam?”; “Hein?”; “Eu nao entendo...”. Foram mais ou menos com estas palavras de espanto que eles reagiram a explicacao de que o brasileiro costuma interpretar os ponteiros do relogio com uma certa flexibilidade (para nao dizer desleixo).
Definitivamente, “aproximadamente”, “cerca de”, “em torno de” ou “mais ou menos” sao termos que jamais sao utilizados no Japao quando se trata de marcacao de horas.
Alias vou ficando por aqui porque me programei para assistir ao telejornal das 20h17.
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Sob o dominio do medo

Segundo a agencia meteorologica japonesa, o epicentro foi a 30 quilometros de profundidade e atingiu a marca de 5.3 graus na escala Richter. Mas hoje esta tudo normal, com excecao do fato das pessoas lembrarem que a qualquer momento algo pior pode acontecer e citando a coincidencia de um terremoto ter atingido Lima, no Peru, tambem na quarta-feira.

Somente uma explicacao mais detalhada sobre o que significa isso tudo (explicacao retirada do Wikipedia, portanto nao me responsabilizo por eventuais imprecisoes tecnicas)
"Escala Richter e uma escala logaritmica e a magnitude corresponde ao logaritmo da medida da amplitude das ondas sismicas de tipo P e S a 100 km do epicentro.
A formula utilizada e ML = logA - logA0 onde A representa a amplitude maxima medida no sismografo e A0 uma amplitude de referencia.
Assim, por exemplo, um sismo com magnitude 6 tem uma amplitude 10 vezes maior que um sismo de magnitude 5. Porem, o sismo de magnitude 6 liberta cerca de 31 vezes mais energia que o de magnitude 5.
Um terremoto de menos de 3,5 graus e apenas registrado pelos sismografos. Um entre 3,5 e 5,4 ja pode produzir danos. Um entre 5,5 e 6 provoca danos menores em edificios bem construidos, mas pode causar maiores danos em outros.
Ja um terremoto entre 6,1 e 6,9 na escala Richter pode ser devastador numa zona de 100 km. Um entre 7 e 7,9 pode causar serios danos numa grande superficie. Os terremotos acima de 8 podem provocar grandes danos em regioes localizadas a varias centenas de quilometros do epicentro.
Na origem, a escala Richter estava graduada de 1 a 9, ja que terremotos mais fortes pareciam impossíveis na California. Mas nao existe limite teorico a esta medida no que se refere a outras regioes do mundo, e por isso agora se fala de ‘escala aberta’ de Richter.”

Os moradores da regiao de Kanto, especialmente de Tokyo, vivem ha anos sob a constante ameaca de repeticao do Grande Terremoto de Kanto de 1923 que atingiu a impressionante marca de 8.3 graus na escala Richter (o terremoto de maior intensidade que se tem noticiais ocorreu em maio de 1960, no Chile, e superou o teto inicialmente estabelecido em 0.5 ponto, atingindo 9,5 graus), deixou para tras um cenario apocaliptico de guerra nuclear (as fotos acima sao da regiao de Ginza, exatamente onde moro hoje) e causou a morte de mais de 105.000 pessoas.
Mas o ser humano, essa praga que se alastra e domina qualquer canto deste planeta, acaba se acostumando as situacoes mais adversas. Acostuma-se ate a viver sob constante ameaca, seja ela da natureza, da miseria, da politica, da tecnologia, do terrorismo, do proprio homem.
Tres vivas a capacidade adaptativa e destrutiva do ser humano!!!
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Adoro ar condicionado
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Editorial
Sera que estou equivocado? Sera que os meus 4 leitores pensam que o Japao e uma gaiola de loucas e nada mais?
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
CHUPA PUC!
Seria uma operacao multinacional como outra qualquer se nao fosse o inusitado fato de em cada uma das pontas pessoas conhecidas estarem tocando a operacao. Nao bastasse, pessoas conhecidas da faculdade e praticamente da mesma sala de aula. E muita coincidencia ou o mundo e muito pequeno ou as duas coisas?
Mas uma coisa e fato. Diga o que digam (e apesar dos pesares), a SanFran continua atraindo gente muito boa...
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Loucademia
Engracado como e muito diferente do Brasil. Nao tem aquele clima todo-mundo-feliz-com-endorfina-na-veia, nao tem o clima de azaracao e nem cara-como-sou-gostosa ou como-sou-forte-pracarai que rola no Brasil.
Aqui e todo mundo na sua, cada um concentrado no seu exercicio, nao importa qual.
Tem senhores praticando bale - de sapatilha e colant, caras fazendo jazz - de polaina e faixa, meninas fazendo aula de andar de salto alto - recomendado todas as japas, velhas caqueticas malhando - pesado, gente que dorme - de babar - na aula de ioga, um mano que vai puxar ferro de maio. Tem tambem aqueles autistas que ficam dancando sozinhos na sala de alongamento com o iPod no ouvido.
O pior e que acho que sou o unico que nao acha estas situacoes normais. Ninguem sao age do jeito que estas pessoas agem.
A academia tambem e um mundo muito estranho...ou sera que eu sou o unico estranho?
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Niponizacao
Pois e, existe algo parecido aqui tambem.
Outro dia estava na folheando umas revistas quando vi a FHM japonesa. Para quem nao sabe, a FHM, assim como a GQ, e a versao original e globalizada da VIP. Em qualquer lugar, o tema e sempre o mesmo, mulheres e comportamento, com pitadas de bom humor e permeado de ensaios de mulheres sensuais.
Em qualquer lugar, menos no Japao.
Surpreendi-me com as materias da FHM Japan: metade da revista com os ultimos lancamentos em comida, roupas, carros, perfumes, relogios, aparelhos de som, etc. Alem disso, reportagem sobre os ultimos escandalos corporativos (diretor da mega corporacao que foi demitido por superfaturar contratos, subornar funcionarios publicos, e por ai vai), quadrinhos, dicas de como programar a sua carreira, como se comportar em reunioes, ofertas de empregos...e nenhuma piadinha. Nem foto de mulher. Com ou sem roupa.
Fico imaginando como seria o processo de niponizacao de outros produtos. Brasileiros especialmente.
Como seria por exemplo o Panico? Provavelmente um telejornal. E os grupos de axe com as bailarinas rebolantes? Um corpo de baile dancando Lago nos Cisnes. E o funk carioca, que exala sexo? Provavelmente um coral de senhoras cantando musicas tradicionais japonesas.
Nao a toa a populacao deste pais vai diminuindo a cada ano que passa...
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Mesmice
Passados cinco meses, tudo comeca a ficar tudo muito normal. E tanta bizarrice no dia-a-dia que ja nao estranho mais nada.
Mas ainda assim as vezes antes de dormir surgem umas ideias para servir de tema para os posts, mas acabo esquecendo no dia seguinte. Mais uma nota mental: fazer anotacoes antes de dormir.