
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Sai, zica!!!
Frase de Pele "Edson Arantes do Nascimento" Nostradamus, conhecido mundialmente pelas suas profecias.
Rubinho e brasileiro e nao desiste nunca.
Comparando a atual temporada (em que nao conquistou um ponto sequer, terminou poucas corridas e comeu poeira ate da Super Aguri) com o seu passado cheio de glorias. Mais do que um guerreiro, um grande de um mentiroso.
Confessionario
Uma das coisas que mais me deixou feliz ao mudar de casa, ha alguns meses atras, nao foi a cozinha espacosa, a cama king size, a localizacao privilegiada, o aquecimento do piso ou o bom gosto da decoracao. Foi a privada do banheiro.
Antes, estava em um apartamento minusculo. Mas o que mais me incomodava la nao era o espaco disponivel, a TV de 14 polegadas, o frigobar que fazia as vezes da geladeira ou o fogao eletrico de uma boca so. Era a privada.
Antes de me mudar, ficava com inveja das pessoas que tinham uma privada como a que eu tenho hoje. Ficava imaginando o dia em que teria uma igual em casa. Agora que eu tenho, posso dizer que estou realizado.
A privada, como visto, foi um divisor de aguas na minha vida no Japao.
Mas que raios a privada japonesa tem que a brasileira nao tem?
Pra comecar, no inverno nao preciso sentar no assento frio porque a tampa da privada tem um sensor de temperatura que mantem o assento numa temperatura agradavel ao corpo humano. E tao confortavel que da ate para dormir na privada.
Tem tambem controle de fluxo da descarga. Se e numero um, aperta-se um botao e se e numero 2, aperta-se outro. E se depois daquele churrasco surgir um numero 4 (o dobro do 2), nao ha problema, basta deixar o fluxo da descarga no maximo para mandar a obra-prima embora em uma descarga so.
Mas a descarga nao fica so nisso. A privada tem um sensor de movimento que indica se voce terminou o servico ou nao. Ao final do processo todo, se a descarga nao e acionada dentro do prazo de 5 segundos, ela e acionada automaticamente, evitando que o proximo usuario tenha uma surpresa desagradavel ao adentrar no recinto.
Calma que tem mais.
A privada ainda e dotada de um chuveirinho para passar aquela aguinha na retaguarda para dar aquela amolecida que facilita uma barbaridade na hora da limpeza. Perfeito para aqueles dias em que voce calculou mal e enforcou o neguinho no meio do caminho, hipotese em que, em condicoes normais, seriam necessarios dois rolos inteiros para nao deixar vestigios na cueca (e ainda por cima sair com o rabo assado). Mas como tecnologia pouca e bobagem, pode-se controlar a temperatura do jatinho, a sua intensidade e a sua direcao. E ainda existe a opcao de deixar o jato intermitente ou continuo.
Tudo o que estou descrevendo pode parecer muita coisa, mas nao e. E a privada padrao da classe media japonesa. Entendem agora a razao da minha alegria? A privada e o simbolo da ascensao social!!!!
Mas quanto mais voce tem, mais voce quer.
Agora quero uma privada que vi na loja outro dia. Ela tem todas as funcoes padroes e ainda um sensor que levanta e abaixa a tampa automaticamente e cujo assento e auto-limpante. Tudo controlado atraves de um controle remoto com tela de LCD sensivel a toque embutido na parede. Se ela acessar a internet, como eu imagino que acessa, nao sera mais necessario deixar revistas e jornais no banheiro para manter o hospede entretido.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Sem pe nem cabeca
Nasci no Japao, passei parte da infancia nos Estados Unidos, passei a adolescencia em Suzano, iniciei a minha vida adulta em Sao Paulo e agora estou no Japao. Teoricamente nao seria uma decisao tao dificil assim decidir ficar por aqui ou ir para qualquer outro lugar do mundo em que a chance de voltar para casa vivo e inteiro ao final do dia seja maior que no Brasil.
Quanto mais tempo se afasta do Brasil, mais se considera a ideia de continuar assim. Assim longe dos problemas cotidianos. Problemas cotidianos que parece que nao vao acabar nunca.
Desde quando fui cumprimentado por pessoas da elite pelo fato de ter pago os prejuizos causados a uma floricultura por conta de um acidente que causei, acho que o Brasil nao tem jeito. Porque no Brasil existe uma elite que acha que a obrigacao so deve ser cumprida no momento em que houver decisao transitada em julgado. Alias, eita palavra horrorosa. Leia-se desulpa pra nego sem vegonha na cara nao ter que cumprir com a sua obrigacao espontaneamente.
Os valores que meus pais me deram sao outros. Os japoneses podem ter muitos problemas, mas pelo menos aqui a maioria e integra, cumpridora das suas obrigacoes e das suas palavras. Puta coisa escrota, racista, fascista, mas nada melhor que ter o seu proprio blog pra desfilar esses pensamentos.
E ja que sou livre pra pensar, fico pensando o que se passa na cabeca de um cidadao que nao da valor as palavras. E so cobrar um posicionamento firme de neguinho que ja vem o papo de "nao lembro de ter dado a palavra". Nao preciso de pessoas assim. Antes so que mal acompanhado.
Cada vez mais fico desconfiado de pessoas que so falam e nao agem. Olha que conheco muita gente assim, vivo (ou seria vivia?) rodeado de gente assim. Ja confiava em poucas pessoas, agora confio em muito poucas. Preciso de poucos dedos para contar as pessoas em quem confio 100%.
Putz, to viajando com o que estou escrevendo aqui. Parece que nao tem nada a ver com nada. Mas so parece. Para mim tudo tem um sentido e e o que basta.
O Diogo Mainardi, apesar de detesta-lo, tem razao em muitos pontos, o Brasil e uma bosta e com o povinho que ta la, nao vai pra frente nunca.
Enfim, pensamentos esparsos e desconexos de quem considera a ideia de de repente virar cidadao do mundo, pensar mais no proprio umbigo e levar uma vidinha tranquila longe da malandragem, do jeitinho e da guerra urbana.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Inimigo # 1 do consumismo
Apesar da ansia em adquirir bens materiais nao ser a minha principal caracteristica, e realmente dificil resistir as tentacoes do consumismo no Japao.
E o dia inteiro sendo bombardeado de novidades na TV, no trem, na rua, nas vitrines das lojas, nas conversas de corredor. Isso sem mencionar as facilidades de se obter emprestimo a juro zero nas instituicoes bancarias (juro de um, dois por cento ao ano pra mim e igual a zero).
Nessas horas agradeco por existir a figura da vendedora japonesa.
Vendedor e chato em qualquer lugar do mundo, mas aqui nao Japao a coisa piora pelo tom de voz que elas usam. E uma vozinha estridente, daquelas de crianca e que tira o tesao de qualquer pessoa que so tenha o minimo de vontade de comprar alguma coisa.
Fora a vozinha estridente e forcada, um elemento em comum a todas as vendedoras japonesas, todas elas adoram fazer caras e bocas, tambem forcadas, tentando, na cabeca delas, se fazer de simpatica.
So para ilustrar o que e uma vendedora japonesa, segue um videozinho de uma comediante japonesa cuja personagem mais famosa e justamente a vendedora japonesa. O nivel de irritacao que eu atinjo ao adentrar a um estabelecimento comercial japones dispensa legendas ou dublagem.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Dia de nao fazer porra nenhuma
Hoje e feriado, dia da saude. E na verdade mais um feriado que inventaram de 5 anos para ca no Japao para que o povo possa descansar. Ate entao, feriado mesmo so tinham 2, no final de abril e comeco de maio, que era emendado e se transformava no chamado golden week. Gracas as mudancas recentes, agora tem feriado praticamente uma vez por mes, quase a mesma frequencia que no Brasil (a diferenca e que aqui nao existe o conceito feriadao e os feriados sao deslocados para a segunda-feira)
Por ser feriado, estou bundando em casa e, aproveitando que ta um dia horroroso la fora, meio friozinho e com chuva fina, dando uma atualizada no blog.
E feriado mas a Sue nao esta tendo o privilegio de ficar em casa. O curso e tao puxado que tem aulas ate no feriado. Alias o periodo de estudos da Sue comecou antes mesmo do inicio oficial das aulas, no dia 01/10. Ja desde 2 meses antes pelo menos a Sue estava mergulhada nos livros por conta do material preparatorio para as aulas que a universidade passou pra ela.
Alias essa universidade e foda. Seria hilario se nao fosse triste. Como em toda a MBA de verdade, a Sue teve que se submeter ao Gmat, que e um exame universal de ingles e matematica exigido que e fodissimo. Mas como ela e cabecuda pra cacete, acabou passando de cara. Os caras do curso, duvidando de tamanha inteligencia, tiveram a pachorra de exigir que ela fizesse a prova mais uma vez para ver se ela nao estava sacaneando. Mas depois de muita conversa, eles aceitaram o fato de que existem genios que passam de primeira e deixaram-na livre de mais essa exigencia absurda.
Pois bem, agora que o curso comecou mesmo, ele vem mostrando o porque dele ser conhecido por ser mais foda que Harvard. A Sue ja passa o dia inteiro na universidade, das 8 as 18h30, chega em casa e continua estudando ate 2 da matina. E ainda tem as aulas de sabado, os grupos de estudos e ainda as aulas no feriado. Nao a toa, a ICS Hitotsubashi Unversity (ICS de International alguma coisa Studies) e conhecida por I Can't Sleep, Hitotsubashi University. Na verdade, we can't sleep, pois tenho acompanhado a Sue todas as noites porque nao quero ir pra cama sozinho.
Nestas noites, aproveito para ler, trabalhar, fucar a net. E descobri a maravilha que e o Bit Torrent, programinha supimpa pra baixar filmes. Maneira perfeita para passar o tempo enquanto a Sue estuda e aproveitar para assistir filmes de menino que ela nao topararia assistir, coisas do tipo Transformers, Spider Man, 300 e por ai vai.
Pretendo assistir Tropa de Elite esta semana. To ou nao to atualizado em termos de filme nacional?
Falando em filme nacional, assisti ao "O Ano em que meus pais sairam de ferias" baseado exclusivamente nas criticas dos jornais e impulsionado pela possibilidade do filme concorrer a um Oscar. Achei uma merda pra falar a verdade. Mas merda por merda, e bem capaz que acabe figurando entre os concorrentes ao Premio da Academia.
sábado, 6 de outubro de 2007
Passado, presente e futuro profissional
As operacoes nas quais estou diretamente envolvido ja seriam suficientes para estruturar integralmente um pequeno pais: aviacao comercial, petroleo, gas, transporte coletivo, mercado de capitais, alimentos, infra-estrutura, logistica, armazens, industria eletronica, minerios, industria de base, etanol, veiculos automotores, TI, fertilizantes e por ai vai.
O pior (ou melhor) e que tudo isso acontece em um pais so, justamente o Brasil.
Apesar de ja estar envolvido com as operacoes da empresa desde a epoca em que trabalhava no Brasil (como se isso fosse um passado muito remoto), so percebi o tamanho da exposicao deles por la depois que vim pra ca. Nao e exagero dizer que estou cuidando de uma parte significativa da economia brasileira.
Mas o lado mais interessante, profissionalmente falando, e que estes sete meses tem sido de muito aprendizado. Nao somente em termos de cultura de trabalho, de funcionamento da matriz de uma gigante global, de processos decisorios de investimentos de uma empresa, mas sobretudo pelo fato de estar sentindo que a area juridica ainda e muito interessante e desafiador e que ainda falta um longo, longo caminho para me transformar em um profissional completo.
Depois de quase 10 anos trabalhando com contencioso civel (apesar do fato de ter peticionado so uma ou outra peca e ter feito so uma ou outra sustentacao nos ultimos anos) e portanto ja poder dizer que advoguei uma vez na vida, acho que chegou o momento de mudar de ares, pendurar as chuteiras, deixar de ser um advogado e tornar-me um corporate lawyer e me aproximar mais do lado business de nossa life. Enfim, mudar o patamar das cifras envolvidas e reencontrar diversao no trabalho.
Sei la, e uma ideia que nasceu pouco antes de vir pra ca e que amadureceu nos ultimos tempos. E como dizem que o amadurecimento profissional vem na casa dos 30, talvez este seja o momento ideal...
domingo, 30 de setembro de 2007
Ressaca braba
Comecou na quinta, no jantar com o pessoal do escritorio, na sexta no jantar com pessoal do atual trampo e ontem, em um jantar, brasileiro, diga-se de passagem, que preparei para uns amigos aqui no ape (os elementos brasileiros foram salada de palmito, pure de mandioquinha, carne seca desfiada, feijao (2 tipos, um veggie e outro normal), arroz, farofa de banana, caipirinha e beijinho).
Por conta dos excessos do finde, hoje estou completamente debilitado, sentindo-me acefalo, com dores pelo corpo e sem vontade nenhuma de sair do sofa...sera que e porque o corpo ja nao aguenta mais tanta agressao que a casa dos 30 e chamada de idade da razao?
100!
Ja passou tanto tempo que ate aniversario ja comemorei aqui, alias o primeiro desde que me conheco como gente, na terra onde nasci.
Aqui nasci mas aqui nao e a minha casa. Apesar de ja ter me habituado com o dia-a-dia do outro lado do mundo, nao achar mais estranho certas esquisitices e ter esquecido como e andar pelas ruas com medo de ser assaltado em qualquer esquina, sinto falta da minha terra, meus amigos, da vida no Brasil.
Nao teria durado tanto tempo achando tudo tao bao nao fosse a Sue. Ela e a responsavel por manter a minha sanidade e agradeco todos os dias por ela ter aceitado o desafio de cruzar oceanos para me acompanhar nesta jornada e fazer o MBA em terras niponicas.