quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ODEIO O MONTE FUJI!!!!!

Acabei demorando mais do que o normal para postar um comentario sobre a expedicao ao Monte Fuji.

Tal decorrou da somatoria de dois fatores: i) fim das ferias de verao, periodo de atividade mais fraca nas empresas, o que acabou fazendo que todos os projetos que estavam parados comecassem a andar todos de uma vez so, provocando o aumento do meu volume de trabalho; e ii) visita da familia da Sue ao Japao, o que acabou transformando o apartamento em um verdadeiro campo de acampamento.

Passada a tormenta, chega a hora de falar um pouquinho sobre a viagem. Alias peco para desconsiderarem a historia do “quase divorcio”, porque nao e um monte fujizinho qualquer que sera capaz de nos separar. Nosso amor e muito maior que os 3800 metros do Monte Fuji.

O problema e que eu subestimei o Monte Fuji e resolvi fazer a escalada e a descida em um mesmo dia e retornar no primeiro onibus disponivel para Tokyo, o que fez com que tivessemos tempo limitado para fazer todo o trajeto. Total falta de planejamento logistico.

Os panfletos estimam a subida ao topo do Monte Fuji a partir do ponto chamado de “quinta estacao” da cidade de Kawaguchi-ko, localizado a pouco mais de 2200 metros de altitude, onde podemos chegar de onibus, poderia ser feito em pouco mais de quatro horas. Baseado nesta informacao e tendo em vista que os dois estao condicionados fisicamente, alem do fato de eu ter parado de fumar ha poucos meses, achei que 8 horas seria um tempo razoavel para fazer todo o processo de subir-e-descer e apreciar o nascer do sol do cume.

Pena que a pratica e muito diferente da teoria.

Acabamos demorando quase 8 horas so para chegar ao cume. Nao conseguimos ver o nascer do sol la de cima. Quando o astro-rei deu as caras, estavamos a cerca de 500 metros do topo do Japao. A visao valeu a pena o esforco ate entao e teoricamente poderiamos voltar de la. Mas como a teoria difere da pratica, resolvemos ir ate o fim, ate porque estavamos tao perto do topo.

Os metros finais, ainda que nao sejam os piores, foram os mais dificeis porque estavamos sem dormir, sem comida e com a agua chegando ao final.

Um verdadeiro perrengue.

No caminho, encontramos diversos corpos estendidos no chao, ou melhor, sobre as rochas, pessoas que acredito que tiveram a mesma ideia de girico que a minha e resolveram fazer o percurso sem dormir em uma das diversas cabaninhas/muquifos que se espalhavam pelos cerca de 7 km de caminhada. O cansaco de todos era tanto que era possivel ver pessoas dormindo profundamente sobre rochas vulcanicas, poeira e temperatura de cerca de 5 graus centigrados como se estivessem deitados em uma cama king size esplendida com lencois de algodao egipcio e travesseiro de pena de ganso do Ritz-Carlton, Four Seasons, W ou qualquer outra rede de hoteis da categoria hiperluxo.

Chegando ao cume, a Sue, extremamente mal-humorada pela ausencia de sono na noite anterior, desabou sobre umas banquetas e dormiu durante meia-hora. Neste interim comprei uma lata de pessego em conserva mega-inflacionado na va tentativa de reconquista-la, pois ela, com razao, atribuia a responsabilidade a mim pela total falta de nocao e falta de planejamento adequado da viagem. E principalmente pelo fato dela ter me acompanhado na furada so porque fiquei enchendo o saco dela.

Logo na sequencia iniciamos o trajeto de volta.

Foi uma briga contra o relogio, pois ja tinha comprado o bilhete da volta pra Toquio e teriamos 4 horas para fazer o percurso de volta.

Talvez a descida seja mais complicada que a subida, porque e uma longa, muito longa sequencia de ladeira coberta de po e pedregulhos que no menor dos vacilos provocava um tombo. A minha bunda encontrou ou chao umas 3 vezes pelo caminho.

Para completar o quadro, aquele cenario de vulcao, nada deslumbrante, formado por po vermelho, pedregulhos e ausencia de vegetacao, em nada ajudava a melhorar ou amenizar o quadro de mal-humor generalizado provocado pelo cansaco, fome, sede, ausencia de descanso e tempo limitado para a descida. Acabamos brigando no meio do caminho e ela ja nao queria nem mais que eu relasse nela ou a ajudasse na descida. Mais da metade do caminho foi percorrida com os dois com um bico maior que o do outro. Um verdadeiro horror.

Sinto muito pelo perrengue que a Sue passou por minha causa. Ela ate chorou de emocao ao chegarmos ao inicio da aventura, na quinta estacao do Kawaguchi-ko.

Ficamos bradando e falando improperios contra o Monte Fuji mas isso nao nos trouxe muito alivio.

Na proxima vez prometo planejar melhor as viagens. E contemplar o Monte Fuji e o seu topo coberto de neve so de longe.

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