Em qualquer dicionario do mundo, a palavra cabare seria definida mais ou menos como um “ restaurante ou uma casa noturna com performances artiscas executadas ao vivo, geralmente de danca, canto ou comedia”.
Mas esta definicao nao e aplicavel no caso dos cabaret clubs japoneses (ou “kyabacura” – “kyaba” de “kyabaret” mais “cura” de “curabu”), onde nao ha execucao de qualquer performance artistica ao vivo.
Os cabaret clubs japoneses sao locais cujo unico proposito e proporcionar aos executivos japoneses (auto-denominados “salarymen”) a chance de, apos gastarem uma fortuna para entrar no local e enquanto gastam rios de dinheiro com bebida e comida, simplesmente conversar com as hostesses, que sao as simpaticas e sorridentes garotas em lindos vestidos que trabalham no local (Nota: ainda que tradicionalmente estes clubes sejam voltados ao publico masculino, nao sao poucos, ao menos em Toquio, os correspondentes voltados ao publico feminino).
A hostess, por outro lado, ganha uma grana preta so para conversar com estes salarymen. E ainda, fora o salario normal, rolam uns bonus polpudos: carros, viagens, roupas... E olha que tudo isso e conseguido sem qualquer tipo de contato fisico, basta uns papos-furados. E terapia pura.
Percebendo o filao, mesmo nao sabendo falar japones, muitas estrangeiras acabam arranjando emprego nestes lugares com o objetivo de juntar grana rapida a partir de uma atividade que elas fariam por prazer e de graca em seus respectivos paises de origem: sair a noite e ser xavecada por milhares de bebados (Nota: nas baladas japonesas, so o estrangeiro sai a caca).
Se eu fosse bonita tramparia num lugar desses. Mas como a natureza nao foi muito generosa comigo, preciso passar o dia inteiro sentado em uma mesa apertada (e so esticar o braco pro lado que acerto a cara da minha vizinha; se esticar pra tras, dou uma cadeirada no vizinho de tras ou prenso algum desavisado que esta passando atras, entre um e outro), olhando pra tela do computador (que alias acho que nunca passou por uma limpeza, tamanha a quantidade de po sobre ela), com dor nas costas (japones e tudo baixo, preciso arranjar uns calcos pra aumentar a altura da mesa), sendo pressionado pela area de negocios (novidade, cliente quer tudo pra ontem), ficar ate bem tarde para participar de conference calls (porra, por que e que o Japao e a unica potencia economica consolidada do mundo que fica na parte leste do globo???), com dor de cabeca por ficar lendo ideogramas (pior mesmo quando tenho que decifrar garrancho), respondendo a perguntas basicas sobre o direito brasileiro (o pior e explicar algumas aberracoes deste maldito novo CC), enquanto sofro com o calor somaliano que faz no trampo (juro que sempre que tiver a oportunidade vou reclamar do calor que sinto todos os dias por conta da maldita politica de nao-agressao ao meio-ambiente).
terça-feira, 17 de julho de 2007
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