Passei este final de semana na casa da minha tia, em Aizuwakamatsu, na provincia de Fukushima, ao norte de Toquio.
E uma cidade do interior, com alguns castelos, em uma regiao mais fria que Toquio e que por isso mesmo ainda esta com todas as cerejeiras em flor.
E sempre bom encontrar a familia e sentir que se esta em familia, mesmo que depois de mais de 10 anos ininterruptos.
A minha vo estava la, tive a oportunidade de conversar com ela durante o final de semana inteiro. Praticamente nao saimos de casa, so conversando, botando o papo em dia. Foi bacana. Ela esta com 89 anos e ficou feliz em ter vivido ate agora e ter a oportunidade de me reencontrar. Bom lembrar que ela so esteve fisicamente presente em alguns momentos da minha vida, mas pelo significado de cada um destes momentos, de certa forma acompanhou o meu crescimento: o meu nascimento, a minha pre-adolescencia, ja na faculdade e agora, um homenzinho.
Apesar de tudo ter sido muito agradavel, tive tambem mostras do Japao que nao gosto. Do Japao preconceituoso e de visao deturpada e esteriotipada dos estrangeiros. Nas horas de conversa que tive, pude ouvir alguns comentarios pouco elogiosos dos imigrantes estrangeiros, notadamente dos chineses. E coincidentemente tive uma outra conversa no trampo esta semana em que ouvi alguns comentarios prejorativos em relacao a imigrantes.
O Japao nao e um pais que cresceu gracas aos imigrantes. E por isso eles nao sao muito benvindos aqui, a bem da verdade. E as vezes fico imaginando o que os dekasseguis sofrem ao vir pra ca e tambem todos os outros imigrantes no Japao. Agradeco sempre aos meus pais pelas oportunidades que eu tive na vida e ter a possibilidade nao ter que enfrentar esse caminho tao tortuoso.
Em que pese eu nao ter sentido preconceito em relacao a mim - alias deixo claro que jamais em nenhum momento eu senti isso aqui, pois apesar de ter crescido fora do Japao, sou ainda considerado de certa forma um japones - e duro ter que ouvir comentarios contra estrangeiros.
Japones gosta de tudo certo, tudo organizado, tudo sob controle. E isso resulta em nao gostar de nada fora do lugar, ou seja, nada que seja diferente. Mas isso nao os impede de adorarem os estrangeiros, desde que aqui eles permanecam pouco tempo.
Mas esse tipo de pensamento e mais comum em cidades do interior, que forma a maioria das cidades. Toquio nao e Japao, assim como NY nao e EUA. Entao nao da para tomar nem um ou outro como referencia do que e cada pais.
Enfim, o fato e que este final de semana passado no interior me fez lembrar dessas coisas ruins do Japao.
E voltando de onibus pra Toquio, senti-me estranhamente feliz e confortavel. Senti que estava chegando em casa por dois motivos: um porque estava de volta a cidade grande, que e o meu lugar, independentemente do pais; dois porque me lembrou um pouco aquela paisagem que vemos ao voltarmos para SP, a transformacao lenta e gradual do mato em concreto e luzes. Pra completar tudo isso, ainda avistei uma ponte cujo formato me lembrou muito a Marginal do Tiete e o duto da Sabesp iluminado.
Saudades do Brasil, terra de imigrantes, terra de estrangeiros benvindos e terra de gente diferente.
domingo, 22 de abril de 2007
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Um comentário:
Saudades de vc, Makuta-san! A vida anda corrida mas sempre acho 5 pra dar um bizu aqui. Bom saber que vc tá bem e continua sendo the world coolest jap. Take care amigo.... Beijocona!!
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